Thunderbolts, filme que encerra a Fase Cinco do Universo Cinematográfico Marvel, surpreende ao adotar uma abordagem mais introspectiva e emocionalmente carregada do que o habitual. Dirigido por Jake Schreier, o longa reúne personagens marginais do MCU em uma trama centrada na manipulação política e na tentativa de redenção de figuras historicamente ambíguas. A protagonista Yelena Belova, interpretada com intensidade por Florence Pugh, funciona como eixo emocional da narrativa, oferecendo uma performance que equilibra vulnerabilidade e firmeza. O destaque também recai sobre Lewis Pullman, cuja encarnação do instável Sentry/Void introduz uma camada dramática inesperadamente densa ao filme.
Apesar de seu mérito temático e de algumas atuações marcantes, o roteiro de Thunderbolts enfrenta dificuldades estruturais. A primeira metade sofre com excesso de exposição e ritmo arrastado, prejudicando o envolvimento inicial do público. Além disso, parte do elenco — especialmente personagens como Ghost — é subaproveitada, e a coesão do grupo nunca se consolida de forma convincente.
No conjunto, Thunderbolts representa um respiro dentro de uma fase marcada por instabilidade criativa. Mesmo sem inovar em linguagem ou estrutura, o filme se diferencia por sua disposição em tratar temas como saúde mental, luto e culpa com relativa maturidade, o que lhe confere um peso dramático raro no gênero. A escolha de encerrar a fase com uma história de figuras imperfeitas, guiadas mais por traumas do que por heroísmo, sugere uma tentativa consciente da Marvel de reavaliar suas prioridades narrativas. Com isso, Thunderbolts se afirma menos como um espetáculo e mais como uma reflexão — ainda que imperfeita — sobre as ruínas emocionais deixadas por uma década de batalhas.
