Assistir a Karatê Kid: Lendas foi, acima de tudo, divertido. Depois de anos tentando encontrar um novo rumo para a franquia — e após o tropeço do filme de 2010, apelidado por muitos de “Kung Fu Kid” — este novo capítulo finalmente acerta o tom. A proposta de unir as escolas do Sr. Han (Jackie Chan) e do Sr. Miyagi em um mesmo universo funciona muito bem, trazendo uma justificativa narrativa convincente para que Daniel-San (Ralph Macchio) retorne e treine um jovem praticante de kung fu para uma competição de karatê. É uma jogada corajosa que resgata as raízes do legado original e, ao mesmo tempo, oferece algo novo e coerente.
Apesar de um ritmo um pouco acelerado, o filme consegue desenvolver os personagens que realmente importam. O jovem protagonista Li Fong (Ben Wang) é extremamente carismático — uma escolha certeira no elenco. A dinâmica entre ele e o boxeador que tenta treinar antes de aceitar lutar é uma das melhores adições à fórmula da franquia. Esse momento de hesitação humaniza o personagem e nos dá tempo e espaço para entender sua relutância em lutar, os conflitos familiares e, acima de tudo, a real dimensão da ameaça representada pelo treinador do Demolition Martial Arts, o dojo rival. E embora esse treinador merecesse um final mais contundente, seu pupilo funciona bem como antagonista, provocando a torcida imediata do público contra ele.
A química entre os mentores veteranos é outro ponto alto. Chan e Macchio brilham nas cenas em conjunto, e há algo de especial em ver esses dois mundos se encontrarem em harmonia. A mãe do protagonista, interpretada por Ming-Na Wen, também entrega uma atuação sólida — assim como o restante do elenco. Em termos de interpretação, não há o que reclamar. Karatê Kid: Lendas encontra uma fórmula que respeita o legado sem se apegar a ele, abrindo caminho para um futuro promissor. Acerta no equilíbrio entre nostalgia e conexão com uma nova geração de fãs. É o tipo de filme que diverte, emociona e deixa a sensação de que a franquia ainda tem muito a oferecer.