CRÍTICA – A GAROTA DINAMARQUESA

Logo nos primeiros minutos de A Garota Dinamarquesa, em uma movimentada exposição em Paris, vemos Gerda Wegener (Alicia Vikander), uma artista de Copenhague, exibindo sua série de retratos nus de uma mulher misteriosa chamada Lili.

Os visitantes questionam a identidade da mulher despida nos retratos e perguntam se sua preciosa modelo está presente para a conhecerem. “Temo que ela não está aqui”, ela responde. Exceto que ela é na verdade o seu marido Einar (Eddie Redmayne), que posou para as pinturas e está escondido por trás da escada, numa mistura nervosa de vergonha e felicidade.

O corpo de Einar é do sexo masculino, mas no interior, ele é do sexo feminino – e quando ele olha para as pinturas, ele vê o seu verdadeiro eu, Lili.

Baseado na bela biografia sobre a vida da artista transexual Lili Elbe, que viveu durante a primeira parte do século 20 e foi uma das primeiras pessoas a se submeterem à cirurgia de mudança de sexo, o diretor Tom Hooper construiu um filme que não segue a linha de uma era dourada que encontramos em outros de deus trabalhos. Esses são filmes elegantes, com personagens em situações de vida mais agradáveis, e apesar de aparentemente A Garota Dinamarquesa trazer personagens que gozem da mesma situação, na realidade, não há nada de agradável ou fácil na situação de Lili.

Muito antes de Hooper ser escolhido para o cargo de diretor, o filme seria dirigido por um dos dois cineastas suecos, Tomas Alfredson e Lasse Hallström (Nicole Kidman também foi considerada para interpretar Lili), porém o que claramente mostra ter sido digno de ter ficado com o cargo no fim, é envolvimento de Hooper com a obra, que tornou a proposta do filme muito mais ousada por um simples motivo: ele não tinha interesse em fazer um filme ousado. Sua direção tornou a luta de Lili tão fácil de compreender como se ela fosse um príncipe adorável interpretado por Colin Firth, o que não fez apenas de A Garota Dinamarquesa um filme exemplar. Isso o tornou um filme revolucionário.

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Em um certo dia, Gerda pede ao marido para que a ajude representando um modelo vivo para seu retrato de uma dançarina, e Einar puxa rindo em um par de meias femininas e espreme seus pés em um par delicado de sapatilhas de balé. A experiência não lhe desperta sentimentos novos. Na verdade, o ocorrido apenas agita alguns sentimentos que sempre estiveram lá. Gerda se sente sexualmente atraída pelo marido com roupas femininas, e logo o convence de ir a um baile social com Einar vestido como uma mulher.

Ela ajuda o marido encontrar uma peruca, um vestido e a usar maquiagem. E trabalhando juntos, eles dão vida a Lili. Ela acaba se tornando uma espécie de substituta para a criança que eles vêm tentado em vão conceber, com um pouco de ambos, mas também alguém totalmente novo.

O roteiro de Lucinda Coxon retém a percepção do que está acontecendo que esperamos dos protagonistas, que ao invés disso, estão ambos confusos com a experiência, especialmente quando Gerda descobre que seu marido é beijado por um rapaz neste mesmo baile em que vemos Lili pela primeira vez.

Logo fica claro que Lili está para ficar, e o filme dá um peso igual a cada parceiro com as implicações dessa nova pessoa no casamento deles. Redmayne ARRASA na busca de seu personagem a entender melhor a estética feminina e como as pessoas desse sexo se comportam. O ator faz várias expressões com as mãos e realiza inclinações delicadas com sua cabeça na busca de Einar em dar ainda mais vida ao seu verdadeiro eu.  Mesmo em cenas demasiadamente apressadas ​​no filme, onde o anseio do roteiro começa a tropeçar em si, Redmayne permanece deslumbrantemente no controle de seu personagem.

Sobretudo, a arma secreta do filme definitivamente é Vikander. Aqui ela é melhor do que nunca. Ela proporciona perfeitamente a linha mais comovente do filme, que vem durante a primeira consulta de seu marido com um médico sobre uma operação que “promete corrigir seu problema” até ambos encararem de forma direta a realidade do quão natural é toda a situação.

“Eu acredito que eu sou uma mulher,” Lili diz pausadamente, como se as palavras ainda a atingem como algo embaraçoso ou ridículo. Gerda se vira para o médico e diz calmamente: “Eu acredito também”. Isso, talvez até mais do que a cirurgia de mudança de sexo, é a transformação que conta na vida de Einar.

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Sétima Cabine

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