A luta do século é um documentário, dirigido por Sérgio Machado, que relata a trajetória de dois pugilistas: o recifense Luciano “Todo Duro” e o baiano Reginaldo Andrade “Holyfield”. A construção do roteiro é interessante, o filme foi dividido em duas partes, a primeira ambienta o espectador através de recortes de jornais e matérias televisivas sobre a vida dos lutadores que ascendem e decidem se enfrentar, enquanto a segunda parte mostra a vida deles anos depois de inúmeras disputas entre si, e é onde surge a oportunidade de realizar a luta final. O objetivo não foi apenas relatar a trajetória de dois grandes nomes do boxe nordestino, foi tornar a história deles em algo peculiar, mais similar à ficção que ao próprio gênero.
A ambientação através do locutor, juntamente à utilização de recortes de matérias televisivas e jornalísticas sobre determinados momentos; o uso de momentos bem humorados pontuais; a expectativa sobre os próximos comportamentos dos personagens; e a capacidade do filme de fazer com que o espectador se compadeça nos momentos tristes e até se sinta indignando com algumas situações foram pontos positivos sobre A luta do século.
Mas também são evidentes alguns defeitos como: certa dificuldade dos personagens principais (que não são atores) se adaptarem à dinâmica das gravações; e explicitar apenas uma vez a dúvida sobre a rivalidade dos pugilistas, se eles realmente nutrem ódio um pelo outro ou é apenas uma estratégia de promoção, já que essa questão é bastante discutida pelas pessoas que acompanharam a história.
O filme termina com uma situação que deixa em aberto a possibilidade de uma nova luta ou, talvez, até uma sequência do longa. Além de tornar mais humanos os protagonistas, que têm histórias tocantes e um pouco parecidas, A luta do século pode superar as expectativas dos espectadores sobre o gênero documentário.