Robert Zemeckis, diretor conhecido por sua inventividade, retorna com “Aqui”, uma obra que desafia as convenções do cinema ao contar a história de diferentes gerações que habitaram o mesmo local ao longo dos séculos. Baseado na graphic novel de Richard McGuire, o filme utiliza um único ângulo fixo para mostrar como o tempo, passado, presente e futuro se entrelaçam.
Com roteiro escrito por Zemeckis e Eric Roth, a produção destaca as atuações de Tom Hanks, Robin Wright, Paul Bettany e Kelly Reilly. A inovação técnica é um dos pilares do longa, que emprega inteligência artificial para rejuvenescimento digital, ampliando a experiência de acompanhar as transformações das personagens ao longo de décadas.
O filme começa na era dos dinossauros, atravessa períodos como a era glacial e a formação das primeiras comunidades humanas, até chegar à modernidade. O ponto central da narrativa é a casa que conecta essas histórias, servindo como testemunha silenciosa das mudanças no tempo. A trama acompanha personagens como Al e Rose Young, interpretados por Paul Bettany e Kelly Reilly, e seu filho Richard, vivido por Tom Hanks, que se casa com Margaret, papel de Robin Wright.
Zemeckis explora a passagem do tempo com criatividade, utilizando quadros sobrepostos que mostram diferentes períodos em um mesmo cenário. A técnica é inovadora, mas exige atenção do público, já que a narrativa não-linear se apoia mais em sensações e conexões do que em uma cronologia rígida.
Embora os Young sejam o núcleo da trama, outros moradores da casa também ganham espaço, como Leo e Stella Beekman, interpretados por David Fynn e Ophelia Lovibond. Essas histórias paralelas ajudam a contextualizar o impacto do tempo sobre a casa, embora algumas tramas secundárias possam parecer desconexas.
Os efeitos visuais impressionam, principalmente na reconstrução física dos atores em diferentes idades. Tom Hanks e Robin Wright remetem a versões mais jovens de si mesmos, com resultados que oscilam entre o convincente e o artificial, especialmente quando as vozes dos atores não acompanham o rejuvenescimento digital.
O momento mais emocionante do filme ocorre quando Margaret, debilitada pelo Alzheimer, revive memórias ao lado de Richard. É uma cena de rara sensibilidade, embora sua presença no trailer tenha atenuado parte de seu impacto no cinema.
“Aqui” é um exemplo da constante busca de Zemeckis por inovação no cinema, que já se manifestou em obras como “De Volta para o Futuro” e “Uma Cilada para Roger Rabbit”. Apesar de algumas escolhas narrativas que podem confundir, o filme entrega uma experiência única, unindo técnica, emoção e uma abordagem ousada para contar uma história.
Para quem busca uma obra fora do convencional, “Aqui” é uma experiência que vale a pena. Zemeckis prova mais uma vez que, mesmo décadas depois de seus maiores sucessos, ainda é capaz de surpreender e renovar o cinema.