Ambientado entre John Wick 3 e 4, o spin-off acompanha Eve Macarro (Ana de Armas), bailarina-assassina da Ruska Roma que busca vingança enquanto cruza caminhos com figuras já conhecidas do submundo. A narrativa tira proveito do caos deixado por John Wick, mas não deixa que as participações especiais roubem o holofote — inclusive a de Lance Reddick, cuja breve aparição como Charon ganha peso extra por ser seu último trabalho no cinema, adicionando uma nota de despedida à mitologia da franquia.
Com direção estilosa de Len Wiseman, que traduz a “gramática” visual do Wick-verso em long takes brutais e clara leitura de cena, o filme brilha nas coreografias criadas pela equipe 87eleven: um balé de gun-fu que mistura agilidade de balé clássico, jiu-jitsu e inventividade (há até sequência com lança-chamas). De Armas domina cada quadro — fruto de meses de treino intenso — e a fotografia soturna sustenta o clima operístico.
Ainda assim, os 125 minutos testam a paciência: os primeiros 40 minutos patinam antes de engrenar, e o enredo é pouco mais que fio condutor para o espetáculo. Quando a ação explode, porém, Ballerina entrega um balé sangrento que comprova que o universo de John Wick pode prosperar além de Keanu Reeves, oferecendo uma nova ícone de ação sem perder a elegância letal que define a série.