Sabe aquele filme que te faz pensar em como você age com o mundo ao seu redor? Como você trata as pessoas, como você enxerga o mundo, como você julga alguma coisa ou até mesmo como você deduz que algo é ou não irrelevante pra você? O filme indiano “Como estrelas na Terra – Toda criança é especial” (título original: Taare Zameen Par) é exatamente esse tipo de filme. Lançado em 2007 e dirigido por Aamir Khan, o filme conta a história do pequeno Ishaan, um garoto de 8 anos.
Ishaan é um menino sonhador, talentoso e muito criativo. Durante a primeira parte do filme foram exibidas animações para que pudéssemos compreender a sua imaginação e a maneira que o mundo era visto por ele. Era mágico poder ver o mundo pelos olhos de Ishaan. Mas a vida do garoto não eram só rosas. Ele sofria muito na escola, tinha dificuldade na leitura, na escrita e não conseguia compreender as questões de matemática. Seu pai achando que era um menino preguiçoso e indisciplinado o mandou para um colégio interno e foi lá que tudo desmoronou.
Após ser mandado para o internato você começa ver a luz se apagando dentro dele, chega a um ponto onde o menino que amava desenhar e pintar se escondeu tanto pra dentro de si, que não era mais encontrado. Como não encontrava outra maneira de se expressar, Ishaan usava da rebeldia para ter um “rótulo”, toda aula ele era punido e mandado pra fora e os professores simplesmente o achavam um caso perdido.
Mas quando o diretor precisou contratar um professor de artes novo, o filme começa a mudar de rumo. Nikumbh (professor de artes interpretado pelo diretor do filme Aamir Khan) chega ao colégio com uma didática totalmente diferente de todos os outros professores, ele traz cor, questionamentos e liberdade de expressão para os alunos. Em sua primeira aula ele traz um mundo mágico para as crianças, acompanhado de músicas, danças e representação, ele mostra que acredita no potencial de cada aluno e faz com que cada um também acredite em suas próprias capacidades.
“Nessa corrida desesperada, os tratam como cavalos de corridas, não crianças.”
(Professor Nikumbh)
É aí que Ishaan desperta o interesse do professor, que preocupado com o medo e a infelicidade que via nos olhos dele, foi procurar saber quem era aquele menino. Ao ver seus cadernos o professor viu a si mesmo naquelas páginas, ele entendia o garoto e sabia o que acontecia com ele. Ishaan tinha dislexia, uma desordem no caminho das informações que acaba inibindo o processo de entendimento das letras e, por sua vez, pode comprometer a escrita e a leitura. Todos viam isso como indisciplina, mas na verdade o garoto nasceu com um tipo de distúrbio genético.
Ao descobrir isso, o professor de artes começa a mostrar que grandes nomes da história também tinham passado pela mesma situação, mas não tinham desistido, fazendo com que o pequeno Ishaan enxergasse que ele não era problemático e nem estranho, era só mais um menino talentoso que tinha dificuldades com as palavras. Nikumbh criou um método diferente para ajudar o pequeno a aprender os conteúdos da classe e também organizou uma competição de desenhos para a escola toda participar. E é nessa competição que finalmente tudo muda para Ishaan, seu desenho além de ter ganhado o primeiro lugar (e o direito de estampar a capa do anuário da escola) mostrou a todos seu verdadeiro eu, e depois de ser humilhado tantas vezes dentro da sala de aula, era honrado por simplesmente ser quem ele era na frente de todos.
É possível então ver a diferença que uma pessoa pode fazer na vida de alguém, não gosto nem de pensar no que poderia ter acontecido ao Ishaan se o seu professor de artes não tivesse se preocupado com ele e buscado maneiras para entender suas ações. Ele poderia ter se matado, podia nunca mais sorrir e se esquecer de como é ser crianças aos 8 anos, já imaginou como alguém conseguiria viver desse jeito?
No final, os pais de Ishaan ficaram espantados com sua melhora acadêmica, dos elogios que os professores faziam ao seu filho e do sorriso que voltou aos seus lábios depois de tanto tempo. Podemos concluir com tudo isso a importância do papel da família na vida escolar do aluno, e no poder que um professor tem de acender ou apagar a chama de uma criança.
Confira um trecho do filme legendado a seguir.