A versão live-action do clássico da DreamWorks aposta numa fidelidade quase total ao longa animado de 2010: Soluço (Mason Thames) fere um Fúria da Noite, faz amizade com Banguela e demonstra que empatia é mais poderosa que violência. Dean DeBlois conduz o reencontro com Berk em escala IMAX, entregando cenários robustos e voos vertiginosos que ainda despertam puro deslumbre.
Embora o CGI seja tecnicamente impecável, especialmente nas texturas escamosas de Banguela, o carisma cartunesco que tornava o dragão original tão irresistível faz falta; o realismo lhe rouba um pouco da personalidade. Em compensação, a química entre Thames e Gerard Butler (Stoico) continua calorosa, Astrid (Nico Parker) ganha mais presença, e a fotografia mais sombria de Bill Pope ajuda a diferenciar o filme do colorido original. A trilha de John Powell, regravada para orquestra completa, mantém as notas heroicas e acrescenta vigor emocional — é impossível não sair assobiando o tema.
O ponto fraco é a segurança excessiva: quem conhece a animação adivinha cada curva, e o filme se alonga a 125 minutos (quase meia hora a mais que o original), deixando o ritmo um pouco inchado e algumas batalhas, em busca de “realismo”, menos claras que antes. Ainda assim, o remake oferece uma porta de entrada atraente para novos espectadores e um banho de nostalgia competente para fãs veteranos — sem, contudo, alcançar o fogo lendário que consagrou a obra de 2010.