Corpo e Alma, da hungara Ildikó Enyedi, é um romance pouco usual. Com um aspecto fantástico que une os personagens, um sonho contínuo que ambos compartilham toda noite, porém enquanto acordados o pano de fundo para seus encontros é o matadouro onde ambos trabalham. O aspecto fantástico de um sonho onde eles são cervos é contrastado com uma realidade crua de um abatedouro.
A narrativa é envolvente, mas segue um ritmo mais lento do que produções americanas. Faz um bom uso dos contrastes do mundo do sonho e o mundo real e apresenta momentos bastante poéticos fazendo uso apenas da fotografia.
O casal, formado por uma novata na empresa que é responsável pelo controle de qualidade da carne e pelo chefe do financeiro da empresa, é carismático e tem boa química na tela, mas ambos tem características que destoam “do normal”. Ela caí em algum ponto do espectro de autismo e ele tem um braço paralisado. As vezes a formação deste par de destoantes pode soar um tanto paternalista na sua abordagem, porém em geral o par é bastante humanizado.
Para quem busca um filme romântico, poético, e uma pausa do ritmo frenético da Hollywood atual, Corpo e Alma é uma ótima pedida.