O filme se sustenta em três pilares: Viola Davis, Will Smith e Margot Robbie. Infelizmente os alicerces onde esses pilares estão não são particularmente firmes. Viola, no papel de Amanda Waller, é a cola que conecta todas as histórias dos personagens do filme, montando o titular esquadrão suicida. Na maior parte das cenas de ação o coronel Flag (Joel Kinnaman, que também fez parte do elenco de House of Cards este ano) faz o papel de garoto de recados entre a equipe e o comando de Waller. Como não poderia deixar de ser em um filme centrado em anti-heróis é difícil diferenciar mocinhos e bandidos, e para os fãs dos quadrinhos a versão da Amanda Waller encarnada por Viola não deve deixar nada a desejar. Ela faz o que for necessário para chegar a seus objetivos, e está sempre no controle da situação, mesmo quando não está consciente.
O Pistoleiro de Will Smith talvez não agrade tanto a quem esperava mais fidelidade aos quadrinhos. Este Pistoleiro é uma figura menos sombria, sendo o personagem que mais move este grupo de vilões para o caminho “dos mocinhos” no fim das contas. Um pai dedicado, ele vira o centro do bando e até dos militares encarregados de manter o grupo “na linha”. Will Smith faz um bom trabalho no papel, mas para ser um papel de Will Smith, o pistoleiro do filme teve que se afastar um pouco de sua versão original nos quadrinhos. Ele e a Arlequina de Margot Robbie tem uma excelente química em tela, e o maior tempo de tela do grupo de vilões escalados.
O filme faz uso de muitos flashbacks pra tentar dar mais tridimensionalidade ao seu esquadrão de personagens, mas consome a maior parte destes mostrando o Coringa de Jared Leto, que é fraquíssimo e em alguns momentos até embaraçoso de ver, em repetitivas interações com uma Arlequina muito mais interessante e carismática que ele. A relação dos dois é tão fascinante e podia ter sido muito melhor aproveitada. Mas Margot tem tempo suficiente para conquistar a platéia fora dos flashbacks, onde ela definitivamente brilha – sem nem precisar recorrer as roupas tão excessivamente curtas.
Além desses três grandes atores e personagens, o resto da equipe não tem brilho. El diablo e Magia são personagens que claramente tinham muito em termo de história para oferecer e que terminam pequenos no meio da história. A sensação é que poderiam ter trabalhado os demais melhor mesmo sem precisar fazer um filme de 3 horas. As cenas de flashback de Katana por exemplo são completamente desnecessárias e não contribuem para construir melhor a personagem de verdade.
No fim, é um filme sem um fio narrativo particularmente firme, mas cenas de ação bem executadas (se eventualmente gratuitas) e um elenco que consegue nos distrair das falhas do roteiro. Acompanhado de pipoca e sem se deixar levar por expectativas, é possível se divertir.
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