Tom Cruise retorna para o que pode — ou não — ser sua despedida como Ethan Hunt em Missão: Impossível – O Acerto Final. Com uma produção marcada por atrasos, regravações, e o peso de um orçamento colossal, o filme chega com a promessa de encerrar uma das franquias mais duradouras do cinema de ação moderno. E embora ofereça um espetáculo técnico de tirar o fôlego, o impacto emocional desse “final” fica aquém do título que carrega.
Do ponto de vista visual e de ação, o filme cumpre exatamente o que se espera. As sequências no submarino naufragado e o embate aéreo nos biplanos estão entre os melhores momentos de ação prática recente — mantendo a lenda de Tom Cruise em filmes de ação. A morte de Luther (Ving Rhames), logo no início, sinaliza que há consequências reais nesta missão. É um golpe duro e inesperado, que dá peso ao restante da jornada. A equipe também brilha, com destaque para Hayley Atwell e Simon Pegg, e a volta de personagens antigos como William Donloe funciona como fan service bem inserido.
Mas é justamente na tentativa de ser uma conclusão épica que o filme se desequilibra. O roteiro, por vezes, se perde em exposições excessivas sobre a ameaça digital “Entidade”, que, apesar de perigosa no conceito, soa genérica e impessoal na execução. Gabriel, seu representante humano, carece de presença ameaçadora, e a escala apocalíptica da trama por vezes beira o inverossímil. O tom melodramático constante, a falta de humor e o ritmo irregular tornam as quase três horas de duração mais pesadas do que deveriam.
E talvez o maior pecado de O Acerto Final seja não cumprir a promessa implícita em seu nome. Apesar de fechar o arco iniciado em Dead Reckoning Parte 1, o filme opta por um final ambíguo que deixa a porta aberta para continuações. É um aceno ao futuro, mas também um recuo narrativo que compromete o senso de encerramento esperado.
No fim, Missão: Impossível – O Acerto Final é um espetáculo visual, sustentado pelo carisma e dedicação de Tom Cruise, mas que tropeça ao tentar equilibrar o peso de um adeus com a vontade de deixar o palco aceso. É uma despedida em potencial, mas que ainda não tem coragem de dizer adeus de verdade.