CRÍTICA – Nós

É difícil encontrar bons filmes de terror, entretanto, vez ou outra algum projeto aumenta as expectativas dos amantes do gênero. ‘Nós’ (Us) é um filme escrito e dirigido por Jordan Peele, mesmo diretor de Corra (Get Out), filme ganhador de Oscar de melhor roteiro original.

O filme conta a história de uma família de classe média/alta que vai aproveitar as férias em sua casa de verão. Adelaide, interpretada por Lupita Nyong’o, se vê enfrentando traumas do passado e caindo em uma rede sinistra de coincidências que só parece aumentar. Até que uma família, fisicamente idêntica à eles, invade sua casa tarde da noite e coloca toda sua família em risco.

A premissa do filme é ambiciosa, e vai ficando cada vez melhor com o desenrolar da história. Os detalhes vão sendo apresentados com sutileza e algumas questões são deixadas em “aberto” para que cada telespectador possa interpretar. Dessa vez, Peele traz ainda mais camadas ao longa, deixando tudo mais complexo e fazendo de suas metáforas grandes provocações sobre questões sociais e até mesmo questões além (cada um pode ter uma interpretação diferente).

Quanto aos aspectos técnicos, está tudo na mais perfeita sintonia. A fotografia é excelente, até dá para sentir um gostinho com a abertura do filme. Juntamente a trilha sonora, que mescla acordes de ópera e parece estar anunciando que algo espetaculoso está por vir. O filme é, de fato, bem teatral, como pouquíssimos filmes de terror/suspense conseguem ser. Inclusive, é bastante teatral em uma das mais belas cenas de luta, onde a montagem insere cuidadosamente cenas de uma performance de ballet ao som da mesma trilha sonora penetrante, provocando não só a verdadeira catarse cinematográfica, mas também elevando o filme ao padrão do inesquecível.

Não esquecendo, ainda, das ótimas atuações. Dando destaque, claro, para a Lupita Nyong’o, que se entrega de corpo e alma para o projeto. Mas também para o Winston Duke, o qual o personagem de marido e pai causa um alívio cômico que o filme se propõe a dar durante a familiarização com os personagens, mas que vai mudando de postura conforme a seriedade da situação.

O enigma principal do filme é inovador, mas o projeto não escapa de influências anteriores, tendo algumas similaridades com Os Pássaros (1963), Violência Gratuita (1997), Mártires (2008) e Sexto Sentido (1999). Tais similaridades tomam um novo formato que é excitante e embriagante de assistir. Com toda certeza é o tipo de filme que vai fazer muita gente querer repetir a dose, pois há uma sede de compreensão e, ainda, de apreciação por história que foge do comum.

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Sétima Cabine

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