CRÍTICA – O REI DO SHOW

O Rei do Show (The Greatest Showman, no original) é um filme musical que apresenta uma biografia parcial de um dos mais famosos showmen da história, P.T. Barnum, interpretado por Hugh Jackman. Zac Efron, Michelle Williams, Rebecca Ferguson e Zendaya completam o elenco do longa dirigido por Michael Gracey.

Phineas Barnum é um garoto apaixonado que sonha em ter uma vida de prestígio e riqueza. De família pobre, enfrenta dificuldades em seu percurso na adolescência e parte de sua vida adulta na cidade de Manhattan, até que uma ideia promissora sobre um show de pessoas com habilidades peculiares parece vir como sua chance de ascensão no mundo do entretenimento.

Quando se possui um ator com talento e carisma para um personagem que exige excesso de ambas as qualidades, a ideia mais inteligente parece ser abrir a história apresentando essas características ao público, e é exatamente isso que o diretor Michael Gracey faz. Inserir o público no primeiro ato do filme já apresentando uma cena enérgica e muito bem coreografada foi um dos maiores acertos de O Rei do Show. Ao mesmo tempo que abre espaço para toda a musicalidade fantasiosa que está por vir, cria um pano de fundo interessante para uma história de origem. 

Porém, os problemas começam já nessa origem. É um filme curto demais para toda a informação que o roteiro de Jenny Bicks e Bill Condon quis passar, mas isso não significa que ele seja insuficiente na questão narrativa. O problema é que quando se coloca informação demais em pouco tempo, algumas passagens de tempo podem se tornar um pouco relativas demais, quebrando o fluxo narrativo de uma história bem estruturada. Ainda que a decisão de contar a história do personagem principal por meio de uma canção seja inteligente, o problema se estende a outros campos do desenvolvimento da trama, fazendo com que o segundo e terceiro ato se tornem muito efêmeros no meio de uma narrativa, já a princípio, frenética. 

Passados os problemas narrativos, não há como negar que Hugh Jackman deu um show de atuação. Talento musical, uma atuação essencialmente perfeita, um desenvolvimento sentimental bem dosado e uma presença corporal brilhante, esse é o personagem que o roteiro possuía e Jackman dá a ele a vida que o filme precisava. As demais atuações seguem o mesmo padrão, ainda que nenhuma chegue perto da maestria do protagonista. São números recheados de sentimento, diversão e muita magia entre os personagens. O elenco se mostra incrível nessas interpretações, cada cena é mais bonita e contagiante que a outra. Destaque para Zac Efron e Zendaya, que protagonizam uma cena musical de romance fenomenal. 

Mas o mérito de toda essa magia não está apenas nas atuações ou nas coreografias impressionantes, a música gera, assim como deve ser num musical, uma situacionalidade romântica e enervante da qual o filme se aproveita quase em sua duração inteira. É assim que se faz um musical! Somando isso a uma cinematografia recheada de cores fortes e manipulativas, uma produção de figurino e maquiagem excepcional, efeitos visuais e especiais bem produzidos e uma colocação de cena que sempre leva o espectador a se exaltar com o espetacular em abundância, tem-se um resultado que envolve até a mais quieta alma. É assim que se cria uma mise-en-scène! São sequências que mostram muita habilidade no controle das transições de cena e fica clara a diversão na forma como a fotografia se apresenta, com tomadas aéreas e espaçosas ricas em detalhes, planos sequência inteligentes e balanços visuais estonteantes.

O propósito de entreter é cumprido com excelência, ainda que o de contar uma história seja problemático. O Rei do Show pode não ter o melhor roteiro para um filme biográfico, mas possui uma magia que se estende do primeiro ao último minuto. Afinal, sendo um filme sobre a história do entretenimento, a fantasia precisa ir muito longe para exagerar, e aqui ela é perfeitamente dosada. Um presente aos sonhadores que procuram na arte um meio de inspiração, um presente ao gênero musical que ascende nos corações da nova geração de amantes de cinema e um presente a quem procura uma diversão escapista do mundo real.

Confira o trailer:

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Sétima Cabine

Writer & Blogger

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