Nova obra da diretora Lucia Murat, de Quase Dois Irmãos, tenta trazer para tela um contraste da realidade social do Rio de Janeiro. Apresentando as personagens Glória (Grace Passô) e Camila (Joana de Verona) no centro da trama e da dicotomia que busca apresentar, a primeira uma negra favelada que trabalha como ascensorista no prédio da faculdade onde Camila, uma portuguesa branca estudante de psicologia, faz atendimentos no ambulatório.
O filme brinca com as relações de poder, de fragilidade. Mas falha em manter a força na segunda metade. A construção da personagem da Glória pode pecar em ter pequenas obviedades, clichês da visão da classe média sobre a realidade da favela, mas é em geral muito bem feita e construída. Mais sólida e firme do que as construções da imigrante portuguesa. Quando o eixo do filme passa a depender mais da Camila, o filme se perde.
A tragédia construída acaba perdendo força. A mensagem do filme, uma mensagem importante, termina um pouco perdida, sem foco. Confunde. O que é uma pena, com um trabalho mais delicado com o último ato do filme, este seria um filme muito importante para o momento que vive o Rio, e o Brasil.