Hoje (21/02), estreia nos cinemas brasileiros Querido Menino (Beautiful Boy), filme estrelado por Steve Carell e Timothée Chalamet, que interpretam pai e filho de uma história real. O livro que deu origem ao filme, Beautiful Boy: A Father’s Journey Through His Son’s Addiction, foi escrito por David Sheff, um conceituado jornalista e editor que tenta salvar seu filho, Nic Sheff, um jovem que tem problema com drogas, mais especificamente com metanfetamina.
Neste drama dirigido por Felix Van Groeningen (The Broken Circle Breakdown – 2012), pode-se acompanhar a narrativa através de duas linhas temporais, o presente e o passado. Enquanto você se envolve emocionalmente com personagens devido aos acontecimentos atuais, os flashbacks fazem com que essa aproximação se intensifique com o passar do tempo. Isso é uma ótima estratégia narrativa, não é muito original, mas é bem eficaz.
Ainda, outra tática para imersão na narrativa é os altos e baixos que a narrativa fornece. Assim como na vida de muitas pessoas com vícios, em um momento, há uma angústia pelos acontecimentos e decisões do filho, em outro, êxtase e alegria apenas por ver todos bem, e quando todos menos esperam, o personagem tem outra recaída por conta do vício. Ver as consequências disso na família, no próprio personagem, e principalmente, no próprio pai, faz qualquer um ansiar para que tudo seja resolvido e eles voltem a serem uma família feliz de novo.
As atuações no filme são excelentes e uma das que tiveram mais destaque sem dúvida foi a do Steve Carell. O personagem dele realmente tem um tempo de tela considerável a mais do que o do Timothée, entretanto, sua interpretação foi esplêndida por outros motivos. O personagem consegue ser extremamente carismático e transmitir uma carga de sentimentos apenas com os olhares, expressões faciais e corporais. Apesar de ser o pai que tenta manter tudo sob controle e consertar as coisas, é admirável o seu olhar de desespero e esperança ao mesmo tempo. Sem falar na química entre pai e filho, que parecem amigos e fortes confidentes.
O que nos leva a outro ponto: Timothée Chalamet também não fica muito pra trás não! Esnobado no Oscar deste ano, conseguiu mostrar mais uma vez que seu talento vale ouro. Depois de um show de expressão corporal em Me Chame Pelo Seu Nome (Call Me By Your Name – 2017), aqui vem outro. O que não deixou mais realista foi a falta de uma degradação física mais evidente, a mudança comportamental ficou excepcional, entretanto, talvez teria chocado mais se o recurso de maquiagem ajudasse em trazer um Timothée menos saudável fisicamente (apesar dele ter perdido muito peso para o papel, quem consegue ficar bonito daquele jeito usando metanfetamina, afinal?).
Por fim, o filme é um ótimo drama e tem uma fotografia muito sensível, e uma trilha sonora igualmente boa. O roteiro consegue traduzir a experiência, não só da família, mas também do personagem viciado, de forma bem sentimental e com uma excepcional narração da relação de pai e filho.