Chegando aos cinemas brasileiros, Sol de Inverno é o segundo longa de Hiroshi Okuyama, diretor que vem sendo comparado a Hirokazu Kore-eda pela delicadeza com que retrata dramas cotidianos. Sem buscar grandes inovações narrativas, o filme encontra sua força na simplicidade e na maneira sutil como acompanha a transformação de seus personagens.
A trama segue Takuya (Keitatsu Koshiyama), um garoto que nunca se encaixou no beisebol ou no hóquei, mas descobre sua verdadeira paixão na patinação artística. Sob a orientação do treinador Arakawa (Sosuke Ikematsu), ele mergulha nesse novo mundo, despertando rivalidade e, posteriormente, amizade com Sakura (Kiara Nakanishi), jovem promissora do esporte. O trio central sustenta a história com atuações contidas, mas carismáticas, e um roteiro que aposta no realismo emocional.
No entanto, Sol de Inverno também aborda temas mais espinhosos. Quando Sakura descobre que Arakawa é gay, sua reação preconceituosa evidencia o conservadorismo ainda enraizado em algumas sociedades. Esse conflito altera o destino dos personagens, levando Arakawa a tomar uma decisão definitiva sobre sua carreira e seu futuro.
Apesar de uma narrativa que pode soar familiar, o filme emociona ao mostrar que o crescimento pessoal vem das relações que cultivamos e das escolhas que fazemos ao longo do caminho. Sem exageros dramáticos, Sol de Inverno nos lembra que cada ciclo tem seu fim, mas o aprendizado que fica é o que nos permite seguir adiante.