Estreia hoje (9), no catálogo da netflix, a primeira animação brasileira produzida pela empresa: Super Drags. O desenho animado foi criado por Anderson Mahanski, Fernando Mendonça e Paulo Lescaut, com produção executiva de Marcelo Pereira. Destaque para Pabllo Vittar, que faz a voz da personagem Goldiva, além de cantar a música original da série, Highlight. Super Drags tem classificação indicativa de 16 anos e contará com 5 episódios.
A história gira em torno de Patrick, Donny e Ramon, três amigos que trabalham em uma loja de departamento. Durante o dia, eles precisam lidar com os cliente do local e o chefe implicantes, mas à noite eles se libertam e se transformam em três beldades repletas de brilho: Lemon Chiffon, Safira Cian e Scarlet Carmesimem. Juntas, tornam as Super Drags, “prontas para salvar o mundo da maldade e da caretice, enfrentando um vilão desaplaudido a cada episódio”.
Assista o trailer:
http://https://www.youtube.com/watch?v=_h0mrndA2fU
Antes mesmo de entrar no ar, a animação adulta já foi alvo de críticas e ameaças. Em julho desse ano, a Sociedade Brasileira de Pediatria se manisfestou contra. Na nota oficial, a SBP atacou o que chama de “linguagem infantil” usada pela série inédita:
A SBP respeita a diversidade e defende a liberdade de expressão e artística no País, no entanto, alerta para os riscos de se utilizar uma linguagem iminentemente infantil para discutir tópicos próprios do mundo adulto, o que exige maior capacidade cognitiva e de elaboração por parte dos espectadores.
Sem mencionar a Netflix ou o nome da série, a entidade ainda afirmou que “apela à plataforma que cancele esse lançamento, como expressão de compromisso do desenvolvimento de futuras gerações.”
Mais recentemente, no dia 1 de novembro, a série voltou a ser repudiada, dessa vez pelo deputado federal Alan Rick (DEM). Em postagem do seu Facebook, argumentou:
O desenho, que nos parece uma paródia de “As meninas superpoderosas”, este sim um desenho infantil, retrata a vida de homens que se vestem de mulher para “salvar o mundo”. A animação é recheada de palavrões e piadas de cunho sexual.
A lei brasileira determina que é tarefa da família a formação moral de crianças e adolescentes (art. 12, inciso IV da Convenção Americana de Direitos Humanos; art. 226 e 227 da Constituição; art. 1.634 do Código Civil.). Essa formação tem reflexos imediatos no comportamento de crianças e adolescentes. Por isto, inclusive, é que a psicologia e as leis reconhecem a necessidade de respeitar a fragilidade psicológica das crianças, razão pela qual a constituição determina a classificação indicativa de programa de televisão e rádio (art. 220), e o Estatuto da Criança, em seu artigo 79, determina que toda publicação dirigida ao público infanto-juvenil respeite os valores éticos da pessoa e da família.
O que estamos vivenciando e confrontando no Congresso são tentativas sórdidas de influenciar sexualmente nossas crianças. Enviarei Nota de Repúdio oficial, em nome da Frente Parlamentar em Defesa da vida e da Família (da qual sou Vice-Presidente), à Netflix contra esse desenho. […]
No primeiro caso, a Netflix respondeu que “Super Drags é uma série de animação para uma audiência adulta e não estará disponível na plataforma infantil [Netflix Kids]”. A empresa ainda ressaltou que disponibiliza o controle parental para os pais que desejam controlar a quais títulos os filhos têm acesso. Após o ataque do Deputado Federal, a Netflix, através de um tweet, reiterou a existência de tais ferramentas de controle dos pais sobre o conteúdo assistido pelas crianças.
Em agosto, a netflix fez um vídeo explicativo sobre o público alvo da série; assista:
No vídeo, Vedete Champagne (na voz de Silvetty Montilla) explica que nem toda animação é feita para crianças. Super Drags não é a primeira animação a discutir tópicos do mundo adulto. Futurama, Simpsons, South Park e Rick and Morty são alguns exemplos de desenhos com público alvo mais velho. Mesmo no serviço de streaming, Super Drags fará companhia a outras séries animadas para adultos já criadas pela empresa, como Bojack Horseman e F is for Family. Apesar de não ser a pioneira, parece ser a primeira animação da Netflix que recebe duras críticas por seguir esse gênero.