Morte no Nilo é uma adaptação de Agatha Christie e seu detetive Hércules Poirot. Enquanto filme, conta com uma fotografia maravilhosa, passeando magnificamente por um Egito do começo do século passado – reconstruído todo digitalmente já que o filme foi filmado em estúdio e no Marrocos. Mas é uma fraca peça de mistério, apresenta uma trama que fica óbvia rápido demais mesmo para quem nunca leu um livro de Agatha Christie. O filme sustenta sua atenção pelo elenco, acima de tudo – mas nem toda atenção que o elenco ganha é positiva.
Com o filme atrasado por causa da pandemia e por escândalos envolvendo seu elenco, com um escândalo de Armie Hammer sobre seu comportamento com suas ex que envolve violência sexual e abuso de substâncias. Também no elenco está Letitia Wright, que tem tido um posicionamento anti-vacina e divulgado muita desinformação. Nenhum dos dois particularmente brilha em seus papéis, embora não estejam fazendo um trabalho ruim. Quem sustenta o elenco são outros nomes, como Gal Gadot, que empresta seu carisma a herdeira Linnet, e o próprio diretor Kenneth Branagh que revive seu papel de Poirot. Embora não tenhamos nenhum desempenho de se esperar um Oscar do Elenco, temos muito carisma e muito trabalho bem feito – que acaba ficando sob a sombra dos comportamentos fora das câmeras em alguns casos.
Em termos de trama, basta dizer que provavelmente sua primeira impressão é realmente correta. O filme tenta criar uma rede de possibilidades – e o livro tem de fato uma riqueza de interesses e conflitos nos personagens que passa para a tela – mas a pergunta de “quem foi” tem uma resposta muito, muito clara desde o começo. Ficamos apenas aguardando para ver como Poirot vai resolver o caso – o que as vezes não transmite a imagem de grande detetive quando ele deixa escapar detalhes que a gente já sabe.
Mas o filme ainda é divertido. É prazeroso assistir a trama se desenrolando e os personagens se revelando, mesmo que o grande mistério não tenha sido assim tão bem escondido da gente. É divertido ver o elenco trabalhando, ver Gal Gadot e todo seu carisma em tela, e embora ver alguns destes rostos na tela possa vir com alguma amargura, no fim das contas o trabalho foi bem feito e não tem relação com os problemas deles fora das telas.