Uma versão mais sanitizada da obra de Spielberg, que já era uma versão menos afiada do romance de Walker. Contudo, momentos musicais impactantes e um elenco de alta qualidade asseguram sorrisos e lágrimas até os créditos finais. Danielle Brooks brilha no papel que antes foi de Oprah Winfrey (agora produtora) e Fantasia Barrino, que ganhou fama no American Idols, segura o papel da protagonista Celie muito bem. O elenco é preenchido por grandes vozes e grandes músicos, já que é uma adaptação do musical da broadway e não apenas um remake do anterior.
A Cor Púrpura possui todos os elementos típicos de um musical feito pro Oscar, com uma narrativa envolvente, performances excepcionais e uma apresentação visual impressionante. No entanto, estranhamente, esta adaptação musical é sólida, mas a divergência de tom entre números musicais e alguns dos temas emocionais da história acabam diluindo impacto emocional, ainda que esta versão devolva um pouco (mas só um pouco) dos dentes mais afiados que o livro tinha, por exemplo ao tratar com clareza a relação de Celie com Shug Avery – explicita no livro mas apenas sugerida no filme de Spielberg.
Vale ver na telona para aproveitar os sistemas de som das salas atuais e receber todo o impacto das performances, pra quem gosta de musicais, claro. O filme traz um bom equilíbrio final e suas falhas passam batidas na experiência geral.