Águas Rasas, com Blake Lively de Gossip Girl, tem um trabalho peculiar em juntar estonteantes imagens paradisíacas com um ambiente de terror de sobrevivência. O Filme abre com um garoto encontrando uma Go-Pro em uma praia, começa a assistir seu conteúdo, mas não se torna um “found footage” para nosso alívio.
Depois de apresentar o tema do filme -e um assustador ataque de tubarão – voltamos em flashback para a chegada da protagonista na praia e faz breves apresentações ao drama familiar dela – algo que permanece bem superficial, mas não chega a ser danoso ao filme já que o verdadeiro arco da personagem acontece em tela e seu drama familiar é apenas um acréscimo a isto.
O filme não nos tira da geografia da praia paradisíaca em praticamente nenhum momento, e soluciona os momentos em que precisa apresentar personagens que não estão presentes na praia com a conexão do celular. Uma solução decente, se não muito crível um sinal tão bom em um local tão remoto. A mudança do tom depois do ataque, porém, é bem intensa.
É curioso ter imagens tão majestosas em momentos que também são tão assustadores. Porém, a noção de natureza como adversaria se perde um pouco diante de um tubarão que é quase sobrenatural para cumprir necessidades de narrativas do filme – e para um roteiro que parecia se apegar em realismos no começo, do meio para o fim o tubarão se torna um monstro tão implacável quanto se esperar de filmes de horror tradicionais. Isso não necessariamente estraga a experiência, pra quem gosta de filmes de terror, mas pode desconcentrar um pouco pela mudança.
O isolamento e a luta pela sobrevivência são terrores palpáveis, e neste quesito, o filme cumpre bem seu papel. Alguns “sustos falsos” pra fazer vc pular na cadeira do cinema parecem um pouco gratuitos e não seriam tão necessários apostando-se mais firme no terror da situação em si.