“Eu ainda não entendi a peça”, diz o duplo protagonista do novo filme de Wes Anderson, interpretado por Jason Schwartzman. Duplo pois Schwartzman interpreta o ator da peça Asteroid City e consequentemente também o personagem principal da peça. O ator questiona o roteirista inicialmente, e o diretor em seguida. E segue fazendo a peça sem entender a peça até ter um momento de entendimento, apartir de outra conversa.
Embora a ideia de uma história dentro de outra história não seja estranha aos filmes de Wes Anderson, neste caso, a própria estrutura narrativa se converte em elemento intrínseco da trama. Tanto o filme quanto a peça, e até mesmo certos monólogos, se desdobram em atos, enquanto os personagens empenhadamente questionam e buscam desvendar a trama. Tal como o próprio protagonista, o público segue envolvido na jornada, mesmo quando algumas peças do quebra-cabeça narrativo permanecem fora de alcance. O estilo estético distinto do diretor, a excelência do elenco na tela e a curiosidade em torno do desfecho mantêm o espectador atraído, perseverando até que uma compreensão pessoal do filme floresça.
“Asteroid City” proporciona uma experiência que tangencia o onírico e o lúdico, cativando em sua singularidade. Este filme indiscutivelmente singular dentro do cenário de filmes das férias merece, sem dúvida alguma, ser explorado nas salas de cinema. Sua visita promete uma jornada envolvente e peculiar, muito além do convencional.