Com um título no Brasil que sugere um melodrama e um trailer de ficção-científica e suspense, o longa da co-criadora de Westworld Lisa Joy tem tudo para ser o melhor dos dois mundos, se você conseguir perdoar os erros no caminho.
O plot central é interessante, bastante dentro dos arquétipos de noir e melodrama mas com novidades o suficiente pra manter o interesse. O universo onde a história se passa, um mundo distópico afetado pelas mudanças climáticas onde é possível reviver (e exibir) memórias graças a tecnologia, é instigante e nos deixa com vontade de explorar mais. O elenco, que inclui Hugh Jackman e Thandiwe Newton, também entrega os elementos dramáticos muito bem.
Mas as falhas não são pequenas. Os atores conseguem entregar muito, apesar de inicialmente estarem trabalhando com arquétipos sem muita tridimensionalidade, mas as vezes eles parecem estar fazendo isso mais por mérito próprio do que do roteiro. A sensação maior é que, com mais tempo – talvez em uma mini série – Lisa Joy conseguisse entregar o potencial que a premissa tem. No formato de filme, é preciso navegar uma introdução que poderia ser mais clara e uma certa arritmia no começo antes do filme conseguir de fato entrar nos trilhos.
É o primeiro longa de uma diretora e escritora acostumada a trabalhar numa mídia episódica. Nos deixa confirma que os mundos e as histórias que Lisa Joy cria são interessantes e que queremos saber mais – mas ainda precisa de algum trabalho para alcançar o potencial nesta mídia específica.