A forma mais legal de saber que o mundo está evoluindo e transcendendo padrões, é quando vemos novas histórias de amor. Principalmente, as de cunho homo afetivo. E acima de tudo, levadas à sério e tratadas com a mesma importância que qualquer outra. Depois de filmes como Moonlight e Me Chame Pelo Seu Nome, que tiveram grande destaque. Agora é a vez de filmes mais teens mostrarem que não são totalmente “besteróis”.
Com Amor, Simon tem essa linha mais jovem do que os filmes citados anteriormente, mas nem por isso são menos carregados de emoções. No longa podemos perceber uma batalha interna de aceitação e pragmatismos que aos poucos vão sendo quebrados. Para que o indivíduo consiga se ver livre para conduzir sua vida da forma que acha conveniente.
Embora essa atmosfera jovem contemple questões que são atuais e afligem homossexuais de várias orientações, percebe-se a privilegiação de esteriótipos mais “dominantes”. O que se chamam de “padronização”. Ou seja, pessoas brancas (que não sofrem nenhum tipo de preconceito racial), com poderes aquisitivos elevados e que não são rechaçados por suas aparências físicas. O que acaba deixando a produção mais aberta à críticas ferrenhas das organizações responsáveis por tratar de questões das minorias sociais.
Mas ainda sim, Com Amor, Simon, traz uma narrativa gostosa de se ver e muito importante. Pois se trata de mensagens de encorajamento e quebra de preconceitos. Já que vivemos num mundo onde acontecem violências contra pessoas da comunidade LGBTT+. Então, aumentar o número de produções onde se propaguem mensagem positivas de amor, liberdade, escolhas, empoderamento e aceitação familiar, ainda é bastante necessário.
Na história, Simon Spier (Nick Robinson), de dezessete anos, é um garoto complicado que ainda não contou para a sua família ou amigos que é gay. E descobre que em seu colégio há um colega que compartilha do mesmo segredo. Na qual ele nem desconfia quem seja. Assim, Simon acaba se comunicando com o colega desconhecido através de e-mails. E se tornam confidentes. Além disso, eles acabam passando por situações onde tentam driblar as pessoas que estão envolvidas em suas vidas, a fim de que elas não descubram esses segredos.
No elenco ainda temos atuações maravilhosas de Katherine Langford (Os 13 Porquês), Miles Heizer (Os 13 Porquês), Tony Hale (Veep, Alvin e os Esquilos), Josh Duhamel (Transformers, Juntos Pelo Acaso) e Jennifer Garner (De Repente 30, Clube de Compra Dallas, Juno). Uma trilha sonora INCRÍVEL e uma fotografia muito boa.
Nesse contexto, as questões de rejeição, afirmação da sexualidade, família, amizades, são sempre postas à prova. E Simon se vê, muitas vezes, em batalhas internas para descobrir como deve agir diante delas. O filme mostra outras questões que são preocupações nessa fase da vida dos adolescentes, principalmente o bullying (mesmo que no viés cibernético). De maneira peculiar e como isso prejudica o comportamento e a vida dos jovens.
Enfim, Com Amor, Simon é um filme que mesmo não tendo um roteiro carregado de situações densas, ainda sim deve ser reconhecido como importante e necessário de se ver. Ele acaba sendo um “canal” de percepção de sinais que os jovens transmitem sobre problemas na qual possam estar passando. Logo, é uma produção que toda a família deve assistir e ficar mais bem atento a essas mensagens.
A direção fica por conta de Greg Berlantini (Séries da DC para televisão, Juntos Pelo Acaso), que é assumidamente gay. O roteiro é de Isaac Aptaker e Elizabeth Berger. A distribuição é da FOX e tem sua estreia no Brasil para o dia 22 de março.