Coringa: Delírio a Dois tem gerado uma considerável controvérsia nas redes sociais, especialmente entre um certo grupo de fãs de filmes de heróis. Esses espectadores parecem incomodados com a ousadia de inserir elementos de musicais em um universo que, tradicionalmente, não flerta com esse gênero. O filme tenta fundir a estética sombria dos quadrinhos com a energia extravagante dos musicais, o que quebra expectativas de quem esperava algo mais convencional. Esse experimento não foi bem abraçado por todos, revelando uma desconexão entre o que o público esperava e o que o filme realmente oferece. A ironia aqui está no fato que o filme explora bastante a relação entre fã e personagem.
O que mantém o filme vivo são as atuações de Joaquin Phoenix e Lady Gaga. Ambos entregam performances intensas e cativantes, sendo a força motriz da narrativa. Lady Gaga, em particular, segue provando que tem mais a oferecer em quanto atriz do que apenas cenas musicais. Phoenix, por sua vez, retorna ao seu Coringa já marcante pelo filme anterior, e agora explora as consequências que suas ações causam na sua mente. Apesar disso, nem mesmo o talento desses dois grandes atores consegue salvar o filme da morosidade e indecisão do roteiro. O texto tenta equilibrar diferentes gêneros – animação, musical, drama de tribunal e filme de arte – mas acaba falhando em realizar qualquer um deles com a excelência que propõe.
Normalmente, roteiros que desafiam o público a interpretar suas próprias conclusões são um mérito em si, evitando a condescendência de temas prontos. Porém, em Folia a Dois, o problema é que a falta de clareza narrativa sugere mais indecisão do que profundidade. Com um roteiro mais coeso e determinado, este filme poderia facilmente ter sido um dos grandes desta temporada. Infelizmente, a impressão que fica é de um malabarismo fílmico que nunca encontra seu equilíbrio, resultando em uma obra que, apesar das atuações marcantes, não consegue realizar todo o seu potencial.