O 14º filme do Universo Cinematográfico da Marvel, com a direção de Scott Derrickson, é o filme mais lindo que a marvel Já fez. Os efeitos são fantásticos e criam cenários urbanos que são como pinturas de M. C. Escher em movimento que vão te tirar o folego. Mas infelizmente, essa é a única parte que vai lhe tirar o folego. Bem, talvez Tilda Swinton ainda consiga lhe tirar o fôlego também, pois consegue se destacar num elenco cheio de pesos pesados.
Com a polêmica de ter sido chamada para o papel do que, originalmente, era um homem tibetano, A Anciã de Tilda é tão diferente do personagem de origem quanto se pode imaginar… Mas é uma nova personagem cativante. Benedict Cumberbatch, o titular Doutor Estranho, faz um bom trabalho, mas não muito distante do seu usual. Também fazendo bons trabalhos estão Chiwetel Ejiofor e Mads Mikkelsen. O segundo, como Cumberbatch, também bem dentro de sua zona de conforto. A verdade é que o roteiro dá pouco para eles trabalharem, e quem mais sofre com isto é Rachel McAdams. Os personagens, embora com nuances e detalhes muito promissores em alguns casos, são muito pouco explorados… mesmo no caso de protagonistas.
A magia prometida pela primeira sequência do filme se torna um pouco mecânica no roteiro, com apenas duas exceções notáveis: A cena em que Tilda introduz os conceitos da magia para Strange e o confronto final com o grande vilão Dormammu (interpretado pelo próprio Cumberbatch, o que dá um conceito interessante nas entrelinhas da batalha final). Nessas duas cenas, a magia do universo marvel aparece em todo seu potencial. As sequências de luta são todas também fantásticas (se um pouco reminiscentes demais de Inception) e fazem valer a pena o preço a mais do 3D, mas diegeticamente não são aproveitamentos amplos do que a magia do universo marvel promete ser capaz. São efeitos lindos, como composições de mandalas hipnotizantes… mas diegeticamente não são todo o potencial da magia apresentada. Apos aquela psicodelicamente mágica sequência em que a Anciã fala para Strange “abrir o olho” e o manda em uma viagem astral, ser levado para um mundo de magia onde feitiços são feitos com movimentos de mão como power rangers é um tanto frustrante e ordinário. Talvez a Anciã guarde para si os maiores segredos da magia… e talvez isto tenha sido uma decisão consciente do filme. Mas ainda assim o desejo por uma magia realmente alteradora de realidades como aquela apresentação promete só vem a ser satisfeito na sequência final.
Além disto, a história também segue de uma forma bastante previsível. Embora isso seja em parte inevitável já que estamos contando outra história de origem da Marvel, a forma praticamente automática que a história se move de ponto de virada a ponto de virada — embora lindamente executada — retira um pouco da magia que os caleidoscópicos efeitos especiais promovem. Ainda é uma boa história, e ainda vão ter momentos que te prendem a cadeira. Só incomoda a sensação de que poderia ser melhor ainda.