Baz Luhrmann traz seu estilo operatico e ‘videoclipesco’ para trazer a história de Elvis, ou talvez de seu promoter, o “coronel” Tom Parker – que realmente só é uma figura relevante por ter estado em volta de Elvis então contar a história dele sem contar a de Elvis seria impossível. Tom Hanks traz Parker a vida, um homem que trabalhava com circo e depois com música, sempre oportunista e malandro que acha em Elvis uma forma de ganhar cada vez mais dinheiro.
O filme segue a história da ascensão do Rei, interpretado por Austin Butler, com o Coronel sempre ao seu lado. Conforme Elvis cresce para o público, vamos descobrindo aos poucos sobre o Coronel e seus segredos. Nem sempre tão próximo a realidade e talvez pintando uma figura um pouco mais rósea de Elvis do que ele de fato foi em seu tempo – em contraponto ao Coronel, que por ser um personagem menos simpático ao público acaba representando o “senso comum” tenebroso dos Estados Unidos dos anos 50 e 60.
Luhrmann não é um diretor naturalista, e Elvis era definitivamente uma figura exagerada. Seja na sua rebeldia juvenil ou em seus excessos, estilísticos e de outras naturezas, já mais velho em Vegas. O casamento parece ideal, e o uso da figura questionável do Coronel como ponto de onde a história é contada realmente deixa o projeto perfeito para o diretor. Talvez um pouco mais de tons de cinza enriqueceriam o filme, mas Luhrmann prefere manter os contrastes fortes na narrativa também, e não só na cinematografia. Ainda é um espetáculo que merece ser visto — e em uma tela grande, sem dúvida