Em seu primeiro filme como diretor, Dev Patel demonstra uma habilidade impressionante para contar uma história interessante e relevante, repleta de sequências de ação de tirar o fôlego. “Fúria Primitiva” narra a vingança de Kid contra um líder religioso corrupto e seus aliados no governo e no mundo do crime. Sabemos desde o início que a mãe de Kid foi morta pelo vilão, mas os detalhes vão sendo revelados aos poucos, conforme a vingança é planejada e executada – nem sempre com sucesso.
Patel, um ator e agora diretor britânico de ascendência indiana, consegue trazer ao filme uma combinação única de linguagem cinematográfica hollywoodiana e uma voz fortemente enraizada no sul global. A realidade apresentada no filme é caracteristicamente indiana e, ao mesmo tempo comum a todas as ex-colônias, tornando-se acessível a qualquer um de nós “aqui embaixo”.
A ação é impecável e, mesmo que o filme siga a fórmula básica do gênero de vingança, ele consegue ser refrescante o suficiente para evitar se tornar apenas “mais um” dentro do gênero. Patel evita cair nos arquétipos e estereótipos típicos, sem tentar reinventar a roda. “Fúria Primitiva” é definitivamente uma experiência que merece ser apreciada em uma sala de cinema para se absorver todo o impacto visual de cada soco.
Com um equilíbrio perfeito entre emoção, ação e relevância cultural, Dev Patel se estabelece como um diretor promissor, capaz de criar filmes que cabem na linguagem “universal” de Hollywood mas expressam vozes que geralmente são pouco mais que pano de fundo nas mãos de outros. “Fúria Primitiva” não é apenas um bom filme de vingança, mas uma obra que destaca a versatilidade e o talento de Patel, prometendo ainda mais para o futuro de sua carreira na direção.