CRÍTICA – ME CHAME PELO SEU NOME (2017)

Chegando ao Brasil em 18 de janeiro de 2018, Me Chame Pelo Seu Nome (Call Me by Your Name, no original) é um filme de drama dirigido por Luca Guadagnino e estrelado por Timothée Chalamet e Armie Hammer. A história se introduz na Itália de 1983 e acompanha a vida do adolescente Elio (Chalamet), que vive um período de descoberta de identidade enquanto hospeda o auxiliar de seu pai, Oliver (Hammer).

Me Chame Pelo Seu Nome é um drama que dialoga muito bem com o gênero romance ao apresentar, de forma melancólica, o desenvolvimento e descobrimento pessoal de um adolescente que está aprendendo a amar enquanto se afoga em passatempos racionais e introspectivos, mesmo que tente se adequar socialmente ao momento cultural em que se encontra. De início, o filme centra o espectador a uma certa impulsividade emocional que em demasia caracteriza a fase adolescente e começa a desenvolver sua narrativa a partir desse ponto, explorando, de forma deliciosamente inteligente, intertextos culturais, históricos e literários que definem a trama e a psique dos personagens. 

Há um senso provocativo que paira sobre toda a estrutura narrativa da história, o que faz com que os diálogos, as situações e atuações sejam filtros de um romance recheado de sexualidade e efervescência, tanto pelo lado descuidado do adolescente, quanto pelo lado charmoso do adulto. É enervante ver como a química entre Elio e Oliver se desenvolve de um aparentemente simples interesse intelectual a uma tensão sexual, que se estende a uma paixão genuína entre duas pessoas essencialmente inseguras. Chalamet e Hammer empregam duas atuações impecáveis, com muita pompa, elegância e verdade nas individualidades de seus personagens, fazendo com que toda a já funcional inserção de época se estenda a uma atmosfera incrivelmente verídica. Dessa forma, o ponto alto do filme se define na análise de como Elio lida consigo e com o mundo em sua volta enquanto descobre sua sexualidade e sua identidade no meio de um mundo tão grande para explorar. 

A direção de Guadagnino emprega uma característica explorativa em questão de campo visual e sonoro. Assim, o espectador vislumbra uma narrativa recheada de cores vivas e cálidas numa representação de um verão deprimido, acompanhado de uma sonoridade igualmente deprimida, mas encantadora e aprazível. O trabalho apresentado invoca uma colocação de cena que atrai felicidade numa aura primariamente depressiva, uma tarefa difícil que se cumpre com maestria. Porém, certos momentos deixam a emoção muito limitada, o que não parece ter sido proposital por parte da edição, são cortes de cenas sentimentais que chegam a quase quebrar o clímax do momento em questão, é como um ápice emocional que deve ser significativo, mas que dura pouco demais. 

Me Chame Pelo Seu Nome acerta de forma brilhante na representação de uma adolescência cheia de excitação e hesitação, concebendo uma mensagem sobre amor que aponta o sentimento como correspondente e, ao mesmo tempo, não correspondente com a inteligência de uma pessoa. É preciso ser inteligente e racional para não afastar do coração o que se viveu de bom com alguém, mas é igualmente necessário deixar a racionalidade de lado, para que exista sensibilidade ao buscar viver algo de bom com alguém no futuro.

Confira o trailer:

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Sétima Cabine

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