“O Brutalista” acaba de estrear nos cinemas brasileiros nesta semana e, estando na lista do Oscar, atrai muita atenção. É inegável que visualmente o filme tem um grande impacto, mas também causou algum barulho por terem usado ferramentas de IA para corrigir sotaques e, talvez, gerar algumas fotos que aparecem no filme. Embora a preocupação do público com o uso de IA seja compreensível, reclamar de ajustes de sotaque e fotos de fundo parece um pouco exagerado. Talvez o problema seja que o contraste com o esforço do filme em reproduzir fielmente a época, usando um formato chamado VistaVision, dá uma sensação de menos fidelidade. Uma pena que essa discussão acabe maior do que a atenção para alguns tropeços narrativos mais relevantes.
O filme impressiona de imediato por suas imagens. Empregando técnicas cinematográficas que remetem ao cinema do passado para retratar a década de 1950, “O Brutalista” acaba criando uma dualidade fascinante, uma vez que esse primor estético está sendo usado para mostrar a realidade por trás do suposto sonho americano dos sobreviventes do Holocausto. A fotografia é inegavelmente deslumbrante, e Adrien Brody entrega uma atuação que pode marcar sua carreira. No entanto, essa dedicação à reprodução de um passado, embora visualmente recompensadora, inevitavelmente acaba arrastando junto um enredo um tanto datado. A reprodução da experiência de um cinema do século passado talvez pudesse ter passado por algum progresso narrativo.
Em última análise, “O Brutalista” é um filme que se engaja com temas importantes e relevantes para o nosso tempo, ecoando lutas sociais do passado em um espelho contemporâneo. Embora algumas escolhas narrativas possam soar um tanto datadas em sua abordagem, elas não deixam de causar impacto. Para espectadores que apreciam o cinema ambicioso e visualmente rico, e que se sentem atraídos por filmes que provocam reflexões, “O Brutalista” oferece uma experiência valiosa, ainda que não seja uma obra-prima perfeita.
-21 de fevereiro de 2025