Pequena Grande Vida, novo filme com Matt Damon, é definitivamente um filme que pensa “fora da caixa”. É uma idéia ambiciosa que usa de um conceito de ‘dramédia’ para tratar de assuntos importantes e consegue transformar personagens que começam bidimensionais e definidos por esteriotipos em seres interessantes e ricos que trazem consigo comentários importantes sobre o mundo. Conta com um elenco excelente que sem duvida ajuda a carregar este conceito adiante, mas… seria tão bom se não tivesse um mas não é mesmo? Infelizmente a execução da idéia se perde, o filme se perde entre a comédia e o drama, entre o otimismo pueril da “economia sustentavel” e o apocalipse climatico niilista.
É uma pena por que conta com boas atuações de bons atores, personagens carismaticos que nos puxam pra um filme que parece indeciso sobre o que ele quer ser, qual mensagem ele realmente quer passar. O ‘gimmick’ de trazer uma premissa tão fora do mundo como o processo de encolhimento literal da humanidade para reduzir o nosso consumo de recursos e contrastar isso com uma muito realista estratificação social é bom e tem impacto mas também se perde eventualmente quando o filme se vira para o idealismo cientifico em contraste com o cinismo mercantilista de um par de personagens secundários.
É inegavel que o filme está aquem do que poderia ter sido. É dificil apontar uma solução, por que é uma concepção tão ‘estranha’ no mercado que ficamos sem parametros de exemplos que deram mais certo. Mas não é uma perda de tempo assistir o filme. Há muito que se salva nele, e há questões importantes e relevantes sendo levantadas. Para quem gosta do elenco e tem interesse nos assuntos levantados, vale a pena assistir mesmo que não seja narrativamente o melhor produto.