Planeta dos Macacos: A Guerra (War for the Planet of the Apes) chega ao Brasil no dia 03 de Agosto de 2017 e finaliza a trilogia iniciada com Planeta dos Macacos: A Origem (Rise of the Planet of the Apes), em 2011. Matt Reeves retorna dirigindo e escreve o longa com Mark Bomback. O elenco principal conta com Andy Serkis, Steve Zahn, Woody Harrelson e Amiah Miller, sendo os dois primeiros atuando apenas em dublagem e captura de movimento.
O vírus da Gripe Símia continua a dizimar o planeta e poucos humanos restaram para lutar. César, o rei de uma tribo de macacos geneticamente modificados, é forçado a batalhar numa guerra da qual ele não quer participar. Enquanto militares rebeldes tentam acabar com a existência dos macacos, a tribo vê como esperança partir para um local em que os humanos não os encontrarão.
Aviso: essa crítica possui spoilers!
Matt Reeves prova, mais uma vez, que sabe imprimir uma direção muito bem controlada a seus filmes. As capturas de movimento e as interações entre macacos e humanos são demonstrações de uma direção habilidosa, mérito tanto de Reeves, quanto da equipe técnica. As atuações humanas são bem criadas, mas, novamente, Andy Serkis rouba todas as atenções para si com a imponência de seu personagem, sendo, provavelmente, o melhor ator a criar personagens em captura de movimento do cinema.
Temos aqui um bom exemplo da forma como o CGI (imagem gerada por computação) deve ser apresentado em um filme: a técnica é utilizada para auxiliar a narrativa, não para contar a história. Todos os visuais, tanto na criação dos símios, quanto dos cenários, são habilmente construídos. A fotografia é composta por uma mistura de paletas frias e a mise-en-scène é perfeitamente criada para causar a sensação gelada da morbidez que possui uma guerra de injustiças.
Sendo o fechamento de uma trilogia, é de se esperar que a construção desse filme possua um engajamento maior do que o dos filmes anteriores, principalmente se contarmos com o fato de que o título possui “guerra” em seu meio. Dessa vez, não é bem assim. Ambos os filmes passados possuíram mais impacto narrativo, ação e desenvolvimento da história, mas isso não faz do atual uma finalização ruim, ele apenas não consegue ser melhor que seus predecessores.
Em questões narrativas, é um filme inteligente. A história possui, em seus três atos, demonstrações de humanidade e animalidade nos dois lados da luta por sobrevivência, mas sempre deixando uma abertura para apresentar ao público que nem sempre os animais são os irracionais na história. Isso mostra que o ser humano, em sua incansável tentativa de reinar sobre a natureza, peca em não entender que os verdadeiros animais são aqueles que não convivem em paz com seus companheiros naturais. Assim sendo, a tal “guerra” que abre o título desse filme é uma guerra que o humano trava contra si mesmo, cabendo aos macacos protegerem-se e buscarem seu próprio espaço em paz na natureza. Uma reflexão interessante, mas a decisão de finalizar dessa forma gera uma certa fraqueza em termos de ação e ritmo, em relação aos filmes anteriores, concluindo a história como uma fuga, não como uma batalha. O terceiro ato é o mais fraco de todo o filme e, apesar de acabar habilidosamente, deixa um certo sabor de que algo poderia ter sido escrito diferente.
A trilogia que mistura gêneros de ficção, épico e ação, é finalizada de forma engenhosa e competente, mas sem o impacto que poderia – e deveria – possuir. Mesmo assim, quem for ao cinema prestigiar esse último capítulo, não vai se arrepender.
Confira o trailer: