Reabilitar a pessoa de Simonal é um trabalho difícil. Sua música tá na boca do povo até hoje, mesmo que as versões que foram ouvidas pelas novas gerações não tenham sido em sua voz. Mas sua pessoa caiu em desgraça na época da ditadura, e transformar a questão em uma mera polarização política é uma mentira.
O filme não mente, ele conta o motivo do escândalo que envolveu Simonal sem grandes maquiagens. Mas pesa na questão dele ter sido apontado como dedo duro da ditadura, que de fato colabora com sua retirada do mundo da música, e trabalha muito superficialmente a questão do racismo institucional (que é o primeiro contato dele com o DOPS em primeiro lugar) que deveria supostamente ser central ao filme.
Independente disto, Fabrício Boliveira faz um excelente trabalho como Simonal, e vale ver a história desse grande astro caído da música popular brasileira. O que faltou de visão crítica no roteiro fica a nosso encargo.