Um dos novos títulos da Globo Filmes, Sob Pressão estréia no dia 17 de Novembro. Livremente baseado em um livro homônimo que traz um relato sobre a realidade do médico da rede pública brasileira, o filme conta com Julio Andrade, Ícaro Silva e Andrea Beltrão no elenco. Como esperado de uma produção com a assinatura Global, o filme tem uma qualidade técnica inegável, se talvez não particularmente inspirada em determinados momentos.
A fotografia e arte fazem em conjunto um excelente trabalho criando o clima do filme. Mas a produção se perde em tentar focar em coisas demais, e ser textual demais. Dramas pessoas dos personagens são detalhes que enriqueceriam uma história central — se melhor executados. A enfase na aliança de um protagonista, uma construção de personagem feita de forma como o cinema deve ser — visual — acaba em um payoff extremamente pobre, com uma personagem nos descrevendo a história do personagem num desdobrar dramático vazio, sem impacto real na história ou na plateia.
Infelizmente esses pequenos desvios da história nos roubam muito do que deveria ser o grande foco. O drama em torno da situação dos pacientes e do hospital. Em outro desvio somos jogados numa cena de sexo de um romance mal construído, mal explicado, que não faz qualquer sentido para quem assiste. Não incomoda que seja gratuito, é visualmente bem tratado. Apenas destoa tão radicalmente do resto, e arremessa quem assiste pra fora do que deveria ser o centro de nossa atenção. As reviravoltas da trama central nos prendem mesmo sendo até excessivas — vão de dificuldades surreais (porém condizentes da realidade brasileira) pela falta de equipamento, falta de sangue para transfusão e ter que escolher as prioridades de atendimento no meio de pressões não apenas técnicas de descobrir quem precisa de atendimento mais urgente, mas também sociais representadas pela policia, pelo trafico, pelo figurão importante que demanda atendimento prioritário. Mas tudo que se tenta colocar a mais no roteiro parece mal enxertado no corpo.
Ao fim o filme ainda consegue salvar a polpa, e apresenta uma realidade que tem o dever de nos incomodar. Infelizmente o incomodo com as subtramas mal enxertadas quase rouba a cena e desperdiça o filme.