O filme explora a corrupção e o poder, girando completamente em torno do talento de Cate Blanchett em dar vida a complexa personagem título. Tár é a ficcional regente da Sinfônica de Berlim, uma figura reverenciada na música – mas que pouco a pouco vai nos revelando um lado abusivo. Começa em pequenas sugestões de relações improprias com a assistente e uma aluna, a forma como ela defende a filha de bullying na escola que ultrapassa um pouco os limites do bom senso, mas ainda estamos do lado dela, afinal, quem não defenderia a própria filha? Ou até a forma como ela escolhe humilhar um aluno de quem ela discorda, ao invés de simplesmente ensinar.
Das dicas dos pequenos abusos filme então explode com o escândalo causado pelo suicídio da ex-aluna de Tár, que traz a tona o relacionamento improprio entre elas e as formas que Tár abusou de seu poder e influência para destruir a vida profissional da ex aluna quando o caso, também com fortes indícios de abusos, entre elas acaba. O filme porém escolhe não destrinchar e expor claramente o caso para nós e sim acompanhar suas consequências no dia a dia e na vida de Tár. Acompanhamos enquanto o caso ainda não é um escândalo, quando estoura na imprensa e quando seus patronos finalmente decidem cortar o suporte financeiro e eventualmente expulsar a condutora da orquestra.
Vamos assistindo a persona pública de Tár derretendo, enquanto descobrimos a pessoa que ela é, concreta e figurativamente falando. O filme é a mídia perfeita para Cate Blanchett expor seu talento de forma magnifica, e é de longe a principal atração na tela. Mas o roteiro, a trilha sonora, a edição dão a atriz todo o suporte que ela precisa.