Tudo e Todas as Coisas segue a tendência de filmes românticos adolescentes: É adaptação de um livro infanto-juvenil de romance que tem como tema central a dificuldade que uma ou mais pessoas tem em lidar com uma questão de saúde que põe sua vida em risco e tentar viver um romance adolescente normal. Tem um motivo que essa formula fez tanto sucesso na literatura infanto-juvenil contemporânea, e o ‘romance’ nunca foi uma coisa particularmente longe do sombrio. Temos toda uma geração de autores românticos fascinados pela morte, e uma série de tragédias românticas que terminam com mortes. Julieta tinha 13 anos e Romeu, 16, e eles terminam a história mortos afinal de contas. A versão infanti-juvenil contemporânea não deixa exatamente de tratar da morte (A culpa é das estrelas) mas tende a ser um pouco mais positiva e colorida, mesmo que começando um lugar que seria geralmente visto como mais sombrio.
Dirigido por Stella Meghie, que estreou como diretora ano passado com o longa canadense Jean of the Joneses (que não passou no Brasil), o filme conta com Amandla Stenberg e Nick Robinson, e todos fizeram bem seus papeis. Os atores dão vida a seus personagens — mesmo que as vezes o roteiro não ajude muito — e a narrativa do filme é bem construida. Mas a história não guarda nenhuma surpresa para quem já viu ou leu histórias como essa. As grandes revelações são previsíveis, e o filme (e ao que parece o livro também) resolve focar nas partes que talvez seriam menos interessantes da história. Grandes conflitos são sentidos brevemente em tela, tem resolução em narração sobre montagem de passagem de tempo.
Talvez o ponto fosse focar só nos momentos mágicos do romance, o filme estreia na semana do dia dos namorados afinal, mas para um olhar mais cuidadoso o filme pula tudo que seria realmente substancioso emocionalmente na história, preferindo servir um caldo ralo — e não muito crível — de romance adolescente.