Lançado no dia 31 de Janeiro, mais um filme Netflix chega ao catálogo! Desta vez, pelas mãos de Dan Gilroy, que traz uma de suas premissas mais ambiciosas. Velvet Buzzsaw é um filme que mistura terror e comédia, fazendo críticas ao mundo da arte contemporânea. A história se desenvolve a partir da descoberta de quadros geniais de um artista recentemente falecido por Josephina, assistente de Rhodora Haze (dona da galeria e assessora de artistas plásticos). Entretanto, nem tudo é flores, pois tais quadros não são apenas obras de artes milionárias, mas peças amaldiçoadas que começam a dar fim à seus vendedores um por um.
A direção de arte do filme é cativante. Apesar de que o tempo de tela das obras de arte poderia ter sido maior, afinal, depois de um certo suspense com relação às obras passar, uma contemplação dos quadros seria muito bem vinda. Parecia que o próprio diretor não estava confiante de que os quadros seriam bons o suficiente para serem mostrados, enquanto as obras eram até criativas e interessantes. Outro ponto positivo é a visão que o filme tenta criticar com humor ácido sobre o mundo da arte e dos críticos, como ele é controverso e cheio hipocrisia.
As atuações são razoáveis, tirando a detestável e inexpressiva performance de Zawe Ashton (Josephina). O tempo dela em tela é extremamente desagradável, cansativo e enjoativo. A personagem dela poderia ser a ambiciosa, cativante e sem escrúpulos que o roteiro queria que fosse, se ao menos a atriz esboçasse reação genuína, porque esse trabalho parece ser bem difícil pra ela. Pode-se dizer até que sua escolha foi uma das principais a prejudicar o longa. Jake Gyllenhaal consegue entrar bem no personagem, juntamente a Rene Russo, Toni Collette, Natalia Dyer e John Malkovich.
O que faz o filme não ser bem aquilo que promete é a direção e alguns detalhes do roteiro. De início, a premissa é realmente muito interessante. Trazer a arte como objeto principal de análise em um filme Dan Gilroy, diretor do longa, já fez com o jornalismo em “O Abutre”. Mais do que isso, ele estuda e mostra como o ser humano se comporta, sempre corrompendo o meio (seja ele de expressão ou comunicação).
Entretanto, diferentemente do suspense “O Abutre”, aqui ele mistura dois gêneros, e a comédia e terror não são fáceis de combinar. O senso de humor ácido se encontra no sarcasmo e na criticidade que ele mostra em alguns acontecimentos, porém, são poucos. Por inúmeras vezes o filme se perde entre uma narrativa e personagens mal desenvolvidos. Faltou uma exploração mais aprimorada na história do artista e do suspense por trás dos quadros amaldiçoados, pois parece que ele apenas está ali apenas para compor uma parte da trama, que foi insignificante.
Por fim, Velvet Buzzsaw consegue falhar em ambos os gêneros. O ritmo do filme é apressado e a direção nada sutil. A construção de tensão sempre é atrapalhada por acontecimentos que o roteiro parece colocar sem cuidado nenhum, um equívoco muito claro na montagem, que talvez não tenha sido pensada com um maior cuidado. O roteiro mostrou personagens rasos e extremamente mal desenvolvidos, tornando impossível uma conexão forte com eles (o mais carismático seria o personagem do Jake, mas isso pode ser considerado facilmente um mérito do ator). Por mais que a premissa se esforce para tentar atrair o público para uma reflexão e imersão mais complexa, a execução do roteiro, direção, e até de uma atuação que citei, consegue afastar o telespectador para o mais longe disso o possível.