A adaptação cinematográfica de Wicked definitivamente entrega espetáculo, mas é impossível escapar das comparações com o musical da Broadway. Cynthia Erivo é uma Elphaba maravilhosa, e Ariana Grande surpreende positivamente como Glinda, mostrando que sua experiência nos palcos da Broadway continua viva. No entanto, trazer Idina Menzel e Kristin Chenoweth como participações especiais soa como uma estratégia arriscada—é impossível não comparar com o elenco original, e nenhuma adaptação deveria provocar essa comparação tão diretamente. A presença delas só reforça como o primeiro ato do filme se estende desnecessariamente, com quase uma hora de duração extra.
Um dos maiores problemas do filme é o ritmo. Ao dividir o musical em dois filmes, a primeira parte acaba com uma hora a mais comparada ao primeiro ato da Broadway. Algumas cenas perdem impacto emocional, como Defying Gravity, que no palco é um clímax arrebatador, mas aqui parece diluído pela repetição constante do tema, reforçado em diálogos, cenas, música, flashbacks, e mais cenas. Apesar de um elenco talentoso (com Michelle Yeoh e Jeff Goldblum brilhando em papéis coadjuvantes), o roteiro parece mais raso, optando por esticar conceitos em vez de explorar novas possibilidades audiovisuais que o cinema permite.
Visualmente, o filme é deslumbrante—cada cena é cuidadosamente trabalhada para nos transportar ao mundo mágico de Oz. Mas fica a pergunta: para quem este filme foi feito? Quem já é fã do musical pode sentir falta do ritmo mais ágil e da força emocional do palco, enquanto novos espectadores talvez se sintam cansados com a longa duração e a repetição. Ainda que o filme tenha sua beleza, o storytelling arrastado faz a gente questionar se precisávamos de quase três horas para contar metade da história. Wicked tem seus momentos, mas não consegue atingir as alturas que o musical da Broadway alcança com muito mais graciosidade.