Talvez a cena mais emblemática do filme animado original de Ghost in The Shell seja a da Major Kusanagi pulando de um prédio, vestindo sua armadura de camuflagem termo óptica que, de tão colada no corpo, e por ser cor de pele, dava a impressão dela estar totalmente sem roupa. Confira no vídeo abaixo.
Em outra cena, vemos a Major também usando o mesmo traje, perseguindo um bandido, e dando uma bela surra nele.
Mas, como será que esse traje funcionaria num filme live action, com atores reais, sem a necessidade de usar CGI a níveis absurdos pra que o ator ou atriz não precise, realmente, estar sem roupa em cena? Bem, o traje de camuflagem termo óptico é uma das tecnologias mais emblemáticas da franquia Ghost in The Shell, e obviamente não poderia ficar de fora do novo filme, coisa que já vimos que não ficará. Ah, ainda não está sabendo do teaser que nos mostra isso? Veja abaixo!
A equipe de produção de Rupert Sanders teve de ser muito criativa para confeccionar um traje que funcionasse em cena, fosse mesmo uma segunda pele, apenas “sugerindo” que Scarlett Johansson estivesse sem roupa, para não deixar a censura em polvorosa e elevar a categoria do filme para Restrito. Tinha de ser confortável para a atriz e também estar bem justo ao corpo, para permitir liberdade de movimentos. Uma preocupação era que também fosse fiel ao produto original, sem ser adaptado DEMAIS à realidade do cinema (vide o uniforme da Viúva Negra que a atriz usa em Vingadores, que era menos sensual que nos quadrinhos, por motivos óbvios).
A solução encontrada foi confeccionar um traje feito de silicone, escaneado digitalmente a partir do corpo da atriz, e feito em partes, primeiro o torso, depois os membros. Os designers de figurino Kurt Swanson e Bart Mueller trabalharam com Richard Taylor, da produtora de efeitos especiais Weta, para criar um traje “cor da pele”.
O produtor Avi Arad explica:
Não vamos tentar fingir que ela está nua. Quando você vir a armadura no filme, não é para achar que ela está pelada.
O processo inteiro consumiu entre seis a oito semanas. Scarlett Johansson parece estar bem confortável usando a indumentária, segundo nos diz Richard Taylor:
Ela parecia estar muito confortável no traje, o elogiou bastante e atuou lindamente vestida nele.
Mesmo assim, a roupa precisa fazer sentido dentro do filme, como nos diz Mueller:
Levou muito tempo e muito conceito, mas eles inventaram uma maneira bem interessante de conseguir isso
Swanson acrescenta:
É bizarro que essas coisas funcionem bem no papel ou no amine, mas na realidade… sei lá. Isso foi bastante conversado com Scarlett e Rupert, porque é uma imagem muito sexualizada. A gente ficava sempre se perguntando: ‘Por que ela vestiria algo assim? Ela tem algum motivo para isso?’.
Uma preocupação dos figurinistas (que têm de pensar de forma prática, pois o figurino precisam funcionar em cena) levou as questões a níveis bem existenciais. Por exemplo: “por que um ciborgue de corpo perfeito precisaria usar sutiã?”, ou “por que a Major vestiria trajes tão provocativos como costuma fazer no anime?”. Por essa razão, os figurinistas decidiram, por questões práticas, fazer um traje que fosse “militar e funcional”.
A própria Scarlett Johansson comentou sobre a personagem:
Acho que ela é bem separada de sua sexualidade. Ela está no meio de uma crise de identidade e tem uma ideia bem turva de quem ela é, de modo que nem saberia dizer do que ou de quem ela gosta. Ela também não tem coração – um coração humano, por assim dizer. Então se você acha que [a roupa] está relacionada com sensualidade ou sexualidade, é bom saber que esse aspecto é ausente nela.
Segundo Avi Arad, a decisão de evitar a nudez da personagem não foi pra evitar uma classificação etária mais rígida:
A nudez não ia nos atrapalhar na questão da classificação. Não vamos tentar fingir que ela está pelada. É o traje termo-óptico dela. A pela dela não tem propriedades termo-ópticas. No anime, quando ela está sem a armadura, não consegue ficar invisível, então estamos nos mantendo fiéis a essas regras. A classificação e as escolhas que tomamos convergem, mas elas não necessariamente conduzem um ao outro. Mesmo que fosse um filme de classificação R [para maiores de 17 anos], ela não estaria correndo pelada pelo filme.
Ghost in the Shell chegará aos cinemas em 31 de março de 2017.