2016 trouxe consigo a Grande Guerra, que acabou por dividir o mundo em Norte, Sul, Leste e Oeste, tendo coronéis como líderes de cada uma das regiões. Essa foi a medida de paz encontrada para prevenir novos conflitos.
Distopia é narrado por dois personagens: Laura e Thiago, duas crianças de mundos diferentes. Laura é uma Governante, filha do Coronel. Thiago é um Governado que fora retirado de seus pais para servir ao Regimento. Na sociedade, todas as crianças governadas são levadas para uma base a fim de serem treinadas para se tornarem soldados. Elas aprendem a matar logo cedo. A narrativa, além de ser alternada entre os dois personagens, é dividida entre o presente e um relato do passado chamado Interlúdio.
Diante das duas narrativas, temos uma visão completa do atual mundo. Distopia não trás um futuro agradável na qual as pessoas gostem de viver, mas reflete a realidade que podemos estar construindo. Conhecemos os Governados, o sofrimento que as crianças passam com os Soldados e o que acontece fora dali, onde tudo é comandado. Conseguimos sentir o que os personagens sentem e pelo que passam, e o que se passa dentro da cabeça de crianças que têm sua liberdade roubada. E, para aqueles que pensam que os filhos dos grandes líderes se safam, saibam que não é bem assim. O sofrimento é apenas diferente.
– Mas confio que deu o melhor de si e fará novamente. Não se preocupe em vencer, apenas faça o melhor que puder.
Distopia apresenta uma linguagem inocente, por se tratar de crianças, e também bruta, por nos mostrar tudo o que elas passam, afinal um governo que transforma crianças em soldados não é pouca coisa! Vemos que às vezes nem sempre as medidas que tomamos são as melhores. Kate explorou bem os personagens, deixando-nos conhecer além dos narradores principais. O Regime é muito bem construído, sem falhas, mostrando que nem todos lá dentro concordam e desejam fazer parte dele assim como muitos ficaram cegos perante tudo. Em um governo um tanto machista/autoritário, temos uma Laura decidida em fazer a diferença e mostrar que mesmo sendo garota tem o direito de lutar pelo que quer. #GirlPower
O livro é repleto de ação, aventura e um pouco de romance. Como crianças, para eles é difícil entender o que sentem e conviver com isso, mas isso não significa que eles não sintam ou não esperem algo melhor do mundo. Há sacrifícios, lutas, amizades que poderão durar para sempre e um amor que ultrapassa quaisquer que sejam as barreiras. É muito bem escrito, deixando o leitor ansioso pelo próximo capitulo, pela próxima ação de cada personagem.
[…] não podemos mudar quem somos, apenas o modo como lidamos com isso.
Distopia é um livro digno de se tornar best-seller!