Otis (Asa Butterfield) é um jovem de 16 anos com uma estranha repressão sexual, cujo a mãe é uma especialista no assunto. Apesar do seu “probleminha”, Otis tem muito conhecimento na área, e é a partir daí que Maeve (Emma Mackey), vê a oportunidade de tirar alguma vantagem. Juntos, os dois formam um clínica no colégio para resolver problemas sexuais dos alunos. Além do personagem principal, podemos acompanhar a história de outros personagens como Eric (Ncuti Gatwa), fiel amigo de Otis que sofre bullying e que tem o incessante desejo de ser popular.
Asa Butterfield (O Menino do Pijama Listrado – 2008) já tem um carisma inquestionável, e seu papel caiu como uma luva nessa série que mistura comédia e drama. Gillian Anderson, que interpreta a Jean, mãe de Otis, também não fica muito para trás, com uma personagem cheia de personalidade e um charme que torna impossível não gostar dela. Entretanto, de todas as atuações, é evidente que a do Ncuti Gatwa se destaca, principalmente em uma cena dramática muito forte (no episódio 5, se não me engano). O cast como um todo é muito bom e entrega um resultado completamente satisfatório.
A série trabalha com essa desconstrução de expectativa, tanto em acontecimentos quanto em desenvolvimento psicológico de personagens. Sabe aquela velha fórmula estereotipada de alunos de colegial? Bem, nessa história o roteiro tenta trazer uma outra perspectiva dos personagens apresentados, se aprofundando nas camadas intrigantes de cada um. Cada personagem tem sua peculiaridade, e o mais brilhante é a forma como o tema é conduzido através dessas peculiaridades (como por exemplo, o quanto o roteiro brinca com as situações dramáticas ou “estranhas” de cada personagem, que são ao mesmo tempo bastante cômicas). A trilha sonora também é de excelente bom gosto e a fotografia tem um tom nostálgico dos anos 80/90.
Existe um pequeno questionamento se a série é, de fato, educativa. A resposta seria que sim, de certa forma ela é. A arte não é em todos os seus momentos e extensões obrigatoriamente educativa, mas ela pode ser. Sex Education consegue fazer isso com sutileza e por em discussão coisas que todo mundo sabe que existe, mas ninguém quer falar sobre. É natural, engraçado e um pouco constrangedor, assim como o começo da vida sexual de quase todo adolescente.
De longe, o maior trunfo da série é conseguir essa abordagem moderna, carismática e bem humorada sobre o assunto sexo, trazendo quase que de forma inconsciente um entendimento, não só sobre o assunto e os tabus acerca dele, mas também abre espaço para o conhecimento de diferentes identidades sexuais. É uma série importante e muito atual, afinal, nunca é demais discutir sobre as pautas abordadas e principalmente de um jeito tão divertido.