CRÍTICA – CAÇA-FANTASMAS

Somos divididos em dois pólos atualmente. Ou você ama, ou você odeia.
Isso somado a um sentimento de possesão misturado com nostalgia e saudosismo, nos impede de buscar inovações, às vezes. É  como se conservássemos fantasmas em nossas memórias, reclamamos deles, mas não nos livramos deles.

Esse medo se soma a uma certa dose de intolerância, como se a essência de algo pudesse ser quebrada com mudanças simples .Aí destilamos nosso ódio em comentários e dislikes na internet. Caça-Fantasmas está relacionado a isso.

Sendo o terceiro filme consideravelmente grande nos últimos tempos, que é protagonizado por mulheres (tendo os outros dois O Despertar da Força e Mad Max: Estrada da Fúria), foi constantemente bombardeado por uma hate imensa (gerando altos comentários sexistas e racistas).

A possessão se mostrou bastante presente em discursos como “vão arruinar a minha infância” e “vão acabar com a franquia”, assim gerando uma sensação de medo imensa entre as pessoas. Mas, o medo se dissipou completamente de nossas mentes após o filme.

O filme transita entre o consciente e o inconsciente, por assim dizer. O inconsciente se mostra que o espírito de caçar fantasmas é algo universal, que transcende mundos e épocas. O consciente é o novo, um novo mundo a explorar, uma nova equipe para se apegar.

Antes de dizermos que há imitações do filme de 84, temos que analisar a estrutura narrativa do filme, que em base segue sim os princípios básicos do primeiro. Sendo que não é o primeiro filme que segue isso nos últimos tempos, se compararmos O Despertar da Força e A Nova Esperança, eles tem a mesma estrutura de acontecimentos… E não morremos por isso. Isso nos conforta, de certa forma.

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As personagens: Abby, Erin, Jillian e Patty quebram certos esteriótipos de personagens femininas e mostram que podem ser moldados novos arquétipos para a franquia. Elas transitam entre as personalidades básicas da formação de 84. Melissa McCarthy não emula um Bill Murray no filme, ela entrega sua Abby de forma orgânica, e sem ser forçada. Já Erin, mostra uma camada a mais na personagem, uma certa insegurança, um medo que todos temos, lembra um pouco o Ray Stantz, mas de forma mais complexa. Jillian é completamente anormal, bastante sociável, se compararmos a contraparte dela no filme de 84, Kate McKimmon mostra seu lado nonsense de modo fluído e sendo séria nos momentos certos. Patty, com Leslie Jones em seu primeiro papel no cinema, entrega uma personalidade forte,acreditando na equipe desde o começo.

Na questão de Chris Hermsworth, Kevin é a paródia da “secretária loira burra”, uma crítica direta as figuras femininas presentes em alguns filmes, que só servem como colírio para os olhos. O ator se sentiu bastante confortável no papel, e entregando as melhores cenas do filme.

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O enredo entre as protagonistas mostra um arco de amizade bastante interessante, e mostra mais o passado delas (o livro citado constantemente no filme realmente existe!), e dando uma camada a mais para elas, fugindo ainda mais dos arquétipos.

A figura do vilão é plastificada, é tipificada, por assim dizer. O nerd raivoso, aí servindo novamente de um ponto metalínguistico no filme, e em certo momento do trama, mostrando que a própria franquia pode-se voltar contra ela mesma. O que torna o filme mais rico, porém as motivações do vilão poderiam ser mais exploradas. Os efeitos especiais estão lindos. Mais desenvolvidos, obviamente, mas numa estética mais tátil e mais amedrontadora, e de forma também nostálgica.

As cameos do elenco antigo estão bem sólidas, não servindo como fanservice e sim servindo como ponte para a narrativa. Ou seja, fixando a ideia de que é um universo novo e os atores interpretam novos personagens.

Já o enredo se mostrou até um pouquinho mais coeso que o original, as referências científicas e literárias estão mais embasadas, mostrando o cuidado dos roteiristas na elaboração e abrindo espaço para um universo expandido e bem maior (quero mais filmes pra ontem, Sony!).
Isso mostra o carinho e a responsabilidade de tocar uma franquia de mais de 30 anos, e a decisão mais que acertada de Ivan Reitman e Dan Aykroyd de liberar os direitos e formar uma produtora focada na franquia.

Ou seja, o filme é uma imitação pela diferença (é um termo chamado como imitatio na literatura clássica), ele nos dá um novo mundo,uma nova história mas não ignora as origens. Assim, juntando um novo e o antigo público alvo. Colapsando gerações e os unindo por um único motivo: Caçar fantasmas!

Crítica por Gabriella da Silva Lemos.

Confira o trailer do filme:

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Sétima Cabine

Writer & Blogger

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