CRÍTICA – FEITO NA AMÉRICA

Hoje chega aos cinemas Feito Na América, dirigido por Doug Liman. Tom Cruise mais uma vez protagonizando uma aventura nas telas, desta vez baseado na história real do piloto americano Barry Seal, que foi informante para o governo americano e um contrabandista para o Cartel de Medelin.

Em um papel praticamente oposto ao icônico papel que fez em Top Gun, Cruise apresenta um Barry Seal carismático que podemos torcer a favor mesmo que estejamos acompanhando uma carreira criminosa. No filme Barry começa sua carreira no crime como um piloto comercial que contrabandeia pequenos produtos como charutos e, quando pego, é oferecido a escolha de colaborar com trabalhos para o governo. Eventualmente isso o expõe ao Cartel de Medelin, que o contrata — a principio sem o governo americano saber, e depois de ser descoberto, ele é transformado em informante. Partes desta história são familiares para quem assistiu Narcos da Netflix.

Curiosamente, é um filme que trata de ambientes violentos, temas complexos de ambiguidade moral, mas com a leveza de um filme de aventura hollywoodiano. Combina com o personagem que construiram, que parece passar por trabalhos pro governo e pros traficantes como meras aventuras e desafios para suas capacidades.

É um filme onde entender a linha entre o legal e o ilegal, o correto e o errado, fica progressivamente mais difícil conforme avançamos. Sabemos que o piloto é um pai de família que gosta e se importa com sua mulher e filhas, mas desde o começo faz pequenos crimes para ganhar um extra. Diante da oportunidade de ganhar quantias obscenas de dinheiro trabalhando para o Cartel, ele agarra essa chance sem hesitação. Mas apesar de suas falhas morais, ele definitivamente não é apresentado como uma figura moralmente decadente, e sim como um cara tentando fazer seu dinheiro onde vê a chance.

Seus contatos no governo não são mostrados como moralmente mais nobres que seus contatos no cartel de traficantes, e as figuras morais mais fortes do filme são mostradas como antagonistas.

É uma crítica interessante ao sonho americano e a perspectiva de busca-lo a todo custo independente de ética ou moral. O filme reverbera muito da vibe do seriado da Netflix, o que é quase inevitável já que seus personagens reais são tão interligados, mas apresenta um ponto de vista diferente o suficiente para se sustentar em si mesmo. É um bom gasto de 2 horas acompanhado de pipoca.

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Vicente Marinho

Writer & Blogger

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