CRÍTICA – JOGADOR Nº 1

Jogador Nº 1 (Ready Player One, no original) é um filme de aventura e ficção científica dirigido por Steven Spielberg e estrelado por Tye Sheridan, Olivia Cooke e Ben Mendelsohn. O longa conta a história do jovem Wade, que utiliza o jogo OASIS para fugir de sua realidade pobre e problemática entrando num universo virtual construído a partir de referências à cultura pop. Porém, quando Wade começa a chamar a atenção de pessoas poderosas que ditam as regras deste universo, ele precisará garantir sua sobrevivência tanto no jogo, como na vida real.

Spielberg, aos 71 anos, mostra que sua mão incrível para dirigir aventuras continua em pleno funcionamento. O filme já nos introduz ao personagem com planos detalhistas, manipulações geográficas e movimentações envolventes. Os primeiros 5 minutos do filme são suficientes para conquistar a atenção do espectador. A história de puro escapismo realístico possui uma fantasia deliciosa, mas não para por aí. O roteiro é muito bem construído, ele apresenta as intenções de cada personagem e como estas intenções se adaptam ao contexto do jogo. E, apesar de não desenvolver tanto seus personagens, Jogador Nº 1 imprime as ambições humanas por meio de diálogos inteligentes e, obviamente, por meio de sua própria criação de mundo.

Os três principais personagens, Wade (Sheridan), Sam (Cooke) e Nolan (Medelsohn), representam os três principais pontos de como o desejo pode se manifestar dentro do OASIS. Alguns desejam mudar de vida, outros desejam quebrar o sistema que os condenou e outros apenas querem ter mais poder. A maior parte do trabalho de atuação é feito por meio de dublagem, já que os personagens dentro do jogo são criados por meio de imagens digitais, o que gera momentos inteligentes sobre o quão dúbia pode ser a identidade de uma pessoa comparando seus perfis real e virtual.

O roteiro, apesar de incrivelmente divertido e bem escrito, possui algumas falhas claras na condução da narrativa. A primeira delas está na necessidade de explicar ao espectador tudo o que se passa no universo fantasioso do jogo. Há situações divertidíssimas em que a explicação não é necessária, apenas a boa demonstração. Um filme que se explica demais perde relevância narrativa, e isto acontece com Jogador Nº 1.
Outro problema evidente está na duração do filme. Os dois primeiros atos são conduzidos de forma incrível, com um êxtase contínuo que, no terceiro ato, encontra um pico emocionante. Porém, o filme se estende demais em querer mostrar consequências e novas ações no mundo real, perdendo pelo menos 2 ou 3 chances de fechar sua trama com perfeição deixando o espectador ainda extasiado pela aventura envolvente e dinâmica até então apresentada.

Apesar dos problemas narrativos, Jogador Nº 1 é um espetáculo visual. Há uma linguagem cinematográfica riquíssima para ser lida neste filme, tudo começando pela arquitetura futurista dos universos criados. As pessoas vivem em espaços pequenos no mundo real, mas dentro de suas mentes, enquanto jogam o OASIS, possuem universos inteiros à sua disposição, e o filme mostra isto de forma muito subjetiva. Além disto, as construções visuais do jogo são estonteantes, mostrando uma criatividade impressionante no mix de referências riquíssimas à cultura pop. A ação que rodeia todos estes ambientes é maravilhosa, mais uma amostra da qualidade da direção de Spielberg, que em pequenas cenas e frames apresenta misturas culturais e temáticas de vários tipos de arte. Todas estas pegadas visuais são variadas com diversos tipos de coloração, mostrando um design muito adaptativo, concentrado em fazer pontes incríveis entre real e virtual. Desta forma, vemos sendo construídas em tela referências a O Iluminado, Exterminador do Futuro, De Volta para o Futuro, Gigante de Ferro e tantos outras obras excepcionais.

A utilização da musicalidade engrandece os níveis de aventura do longa. Alan Silvestri, um dos mais famosos compositores de trilhas sonoras de aventura, apresenta tons sempre muito altos e dinâmicos, sobrepondo-se ao som das destruições e explosões, ao mesmo tempo que ajuda a construir o suspense envolvido nos mistérios do jogo. Somado a isto, há a utilização de uma tracklist puramente anos 80, com Hall & Oates, Twisted Sisters, Van Halen e tantos outros. Spielberg claramente soube beber da fonte que ele mesmo ajudou a construir. Fantástico.

Um filme divertidíssimo, com uma direção experiente e extremamente detalhista e um design de produção incrível. Jogador Nº 1 homenageia, brinca com seu espectador, manipula diversas temáticas, apresenta incrivelmente bem sua trama, mas, acima de tudo, diverte. E diverte muito!

Não deixe de ler nossa resenha do livro Jogador Nº 1.

Confira o trailer:

https://www.youtube.com/watch?v=ahbq2ZaiHwU

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Sétima Cabine

Writer & Blogger

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